quarta-feira, 24 de abril de 2013

Experiências de convivência com o Semiárido

BNDES e FBB visitam experiências
de convivência com o Semiárido
Dez representantes viajaram para a cidade
de Cumaru, no agreste pernambucano
Daniel Lamir - ASACom / Cumaru - PE / 17/04/2013

Visitantes conheceram e dialogaram sobre as experiências | Foto: Ylka Oliveira - ASACom A produção de alimentos, criação de animais e comercialização são atividades rurais que devem permanecer sendo realizadas nos períodos de estiagem. Agricultores familiares que desenvolvem estratégias de convivência com o Semiárido encontram menos dificuldades para ter água para beber, plantar e criar, apesar da escassa ou inexistente presença de chuvas no roçado.

No município pernambucano de Cumaru, representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e Fundação Banco do Brasil (FBB) visitaram, no último dia 12, duas agricultoras que durante os meses sem chuva não perderam de vista o planejamento e a moderação no uso da água. Ana Paula da Silva, do sítio Cabugi, e Joelma Pereira, da comunidade Pedra Branca, abriram as portas de suas propriedades para exemplificar boas iniciativas de viabilidade no Semiárido, mesmo durante os previsíveis ciclos de seca.

Saindo de cidades como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, o grupo de dez pessoas viajou para o agreste para conhecer a implementação de tecnologias sociais realizadas pela ASA, através dos Programas Uma Terra e Duas Águas (P1+2) e Um Milhão de Cisternas (P1MC). O consultor da FBB, Jeter Gomes, destacou o desenvolvimento local que acompanha a construção das tecnologias: “As comunidades [beneficiadas] mudam muito. É muito rico. Não é só colocar por colocar a cisterna, há toda uma metodologia para o próprio protagonismo das famílias”.

A primeira reunião dos visitantes aconteceu embaixo de um telhado de 100 m². O local é parte de uma tecnologia social instalada para oferecer água para a produção de alimentos e a criação de animais de Ana Paula. Desde 2010, a anfitriã que mora com três filhos e um irmão, Severino Ramos, possui uma cisterna-telhadão, tecnologia em fase de teste, disseminada pela ONG integrante da ASA, Centro Sabiá, que capta água da chuva para uma cisterna de 52 mil litros. Três anos antes da cisterna-telhadão, Ana Paula conquistou uma cisterna de 16 mil litros para o consumo humano.

A precipitação de apenas 200 mm registrada nos últimos dois anos não esgotou o estoque de água de Ana Paula. “As pessoas ficam admiradas porque eu ainda tenho água. Eu respondo que tenho água porque economizo. Não é porque a gente tem cisternas que a gente não vai economizar”, destaca a agricultora Ana Paula, que, semanalmente, comercializa produtos naturais e beneficiados na Feira de Cumaru.


A segunda parte da visita aconteceu no sistema agroflorestal de Joelma Pereira. Apesar da falta de Joelma Pereira falou sobre sua trajetória agroecológica e as atuais estratégias diante da seca | Foto: Ylka Oliveira - ASACom água da chuva, o local de meio hectare resiste à variação climática com áreas verdes e produtivas. “Quando cheguei aqui só tinha um juazeiro e um umbuzeiro”, lembra Joelma Ferreira, casada há vinte anos com o cisterneiro Roberto Pereira e mãe de três filhos.

A curiosidade de experimentar novas práticas agrícolas e o apoio do Centro Sabiá deram condições de Joelma continuar comercializando, mesmo com a falta de chuvas no local. Hoje, a agricultora agroecológica conseguiu comprar mais hectares e permanece estocando água, sementes e alimentos, além de buscar inovações e novas estratégias para melhorar a qualidade de vida. 

Utilizando uma cisterna para consumo humano e duas para produção de alimentos e criação de animais (cisterna-calçadão e barragem subterrânea), além de um banco de sementes nativas, a família de Joelma consegue produzir “de tudo um pouco”, sendo um exemplo de segurança e soberania alimentar em uma região estigmatizada como improdutiva.

O superintendente da Área de Pecuária de Inclusão Social do BNDES, Marcelo Cardoso, destacou a efetividade das tecnologias e o envolvimento das famílias para o sucesso do P1+2 e P1MC. “As impressões são muito positivas. O BNDES está buscando conhecer melhor as tecnologias sociais que são empregadas com bastante sucesso pela ASA no Semiárido nordestino para que ele possa apoiar e entrar nessa iniciativa”, declarou Cardoso.

Parceria  - Em 2012, a Fundação Banco do Brasil (FBB) firmou uma parceria com a ASA para construção de 60 mil cisternas de placas em oito estados do Semiárido. O projeto está na fase de finalização e vai garantir o direito à água potável e de qualidade a cerca de 300 mil pessoas. Esta ação está situada no Plano de Combate à Extrema Pobreza, lançado pela presidente Dilma Rousseff no início do seu governo. 

Fonte: http://www.asabrasil.org.br/Portal/Informacoes.asp?COD_NOTICIA=7740


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