quarta-feira, 24 de abril de 2013

Transnordestina


Transnordestina é viabilizada
através de recursos da Sudene

O projeto da Transnordestina Logística S/A, que liga o município de Eliseu Martins (PI) e áreas dos Estados de Pernambuco e Piauí aos Portos de Suape (PE) e Pecém (CE), é um dos grandes projetos de infraestrutura voltados para alavancar o desenvolvimento do Nordeste. Trata-se de projeto de integração intra e inter-regional, concretizando a incorporação e inserção de partes importantes de áreas agrícolas e de mineração aos mercados extra-regional e externo. Ao mesmo tempo, contribui, fortemente, para a interiorização do processo de desenvolvimento econômico-social. Na fase de construção são gerados mais de 5.000 empregos diretos. Já na fase de operação estima-se a geração de 550 empregos diretos e nas áreas lindeiras - agropecuária, avicultura, mineração, fruticultura, e outros, dezenas de milhares de empregos indiretos. 

Ao todo, serão 2.304 Km de ferrovia beneficiando 81 municípios, sendo 19 no Piauí, 28 no Ceará e 34 em Pernambuco. O empreendimento, em fase de implantação, dada as suas características técnicas modernas, bitola larga (1,60m), rampa máxima de 1,5%, curva de raio mínimo de 400m, propiciará a triplicação da velocidade comercial atual, com trens de até 72 vagões.

O foco do projeto é o transporte de carga de grãos, minérios, combustíveis e insumos agrícolas. Estima-se a movimentação de cargas no entorno de 30 milhões de toneladas/ano, com predomínio de grãos produzidos na nova fronteira agrícola do sul do Piauí (milho e soja - 16.300 mil t/ano) e de gipsita/gesso - 6.980 mil t/ano, além de fertilizantes (1.253 mil t/ano) e combustíveis (838 mil t/ano).

A Ferrovia Transnordestina conta com investimentos totais de R$ 5,3 bilhões, com participação de R$ 2,67 bilhões do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste - FNDE (50% do empreendimento). A SUDENE já procedeu a liberações de recursos de R$ 1,4 bilhões, correspondendo 56% dos recursos alocados a esse projeto.

Fonte: http://www.sudene.gov.br/transnordestina-e-viabilizada-atraves-de-recursos-da-sudene

AS SECAS DE 2012/2013


SEGURANÇA HÍDRICA: O DNOCS NO CEARÁ, 
 AS SECAS DE 2012/2013
DNOCS, 12/04/2013 10:14. 

O Ceará enfrentou em 2012, a sexta pior seca desde 1950, quando choveu 352mm, em
média, no Estado, e, em 2013 vem enfrentando uma segunda seca consecutiva, com
perspectivas de ser mais rigorosa ainda que a do ano anterior. Em algumas
regiões como o Vale do Curu, em 2011 foi também um ano de seca, configurando-se
uma terceira seguidamente.

O DNOCS no Ceará, segundo o Setor de Monitoramento Hidrológico, possui 65 açudes
construídos e administrados pela Coordenadoria Estadual, com uma capacidade
total de 15.106.196.000m³, correspondendo a 85% de toda água passível de ser
armazenada e monitorada no Estado.

Segundo o engº agrº Luiz Paulino Pinho Figueiredo, o Estado acumula atualmente
8.023.975.000m³, sendo que deste total , 7.054.080.000 m³, ou 87%, estão 
armazenados nos açudes federais e aí vem a 1ª indagação, o que seria do Ceará, sem 
o DNOCS, em termos de segurança hídrica? Do total de 7.054.080.000 m³, 
6.084.456.000 m³ estão armazenados nas bacias do Jaguaribe/Banabuiú; 
734.745.000m³ nas bacias do Acaraú/Coreaú,180.015.000m³ na bacia do Curu e, 
54.864.000m³ no Sistema Complementar (bacias do Litoral, Metropolitanas e Sertões 
do Crateús).

Desde a seca de 2012, os açudes da CEST-CE continuam garantindo a perenização
dos principais Vales do Estado, quais sejam: Jaguaribe, com 280km, sendo 130km
pelo açude Orós e 150km pelo açude Castanhão; Banabuiú, com 136km pelo açude
homônimo; Acaraú, com 187km pelo açude Araras, e, o Vale do Curu, com 120km, 
pelos açudes General Sampaio, Pentecoste, Caxitoré e Frios.

Estes oito reservatórios com mais os 57 açudes chamados isolados, (não
contribuem diretamente com os vales perenizados), perenizam 1.700km de rios e
trechos de rios, e liberaram em média em 2012, 50.400 l/s, sendo que no 2º
semestre esta média foi de 60.300 l/s, garantindo o suprimento hídrico dos 14
Perímetros Irrigados do DNOCS, com cerca de 25.000ha irrigados, 30.000ha de
irrigação privada ao longo dos rios e trechos de rios perenizados, o
abastecimento humano de mais de 100 localidades, o 
funcionamento de indústrias e das 05 Estações de Piscicultura e mais o Centro de
Pesquisas Ictiológicas Rodolpho Von Ihering, além de outros usos.

Ressalte-se que os principais Perímetros Irrigados do DNOCS, são responsáveis
por consolidar o Estado do Ceará, hoje, como o 3º maior polo exportador de
frutas do Brasil, e as 05 Estações de Piscicultura, produziram 17.000.000 de
alevinos, o que garantiu uma produção total 
de pescado de 10.661.541kg, sendo que segundo o chefe do setor de Aquicultura,
engº agrº. Vicente Giffoni, as 05 Estações juntas têm condição de ampliar a
capacidade atual de produção de alevinos para 51.000.000, o que poderá garantir
as necessidades totais de peixamento dos reservatórios, e, a oferta de proteína
animal para toda a população do Estado.

Segundo ainda o analista em recursos hídricos, Luiz paulino, em 2013, a pior
situação é a do Vale do Curu, que está com apenas 18,6% de sua capacidade
total, mas, mesmo assim, o DNOCS através dos açudes General Sampaio,
Pentecoste, Caxitoré e Frios vem garantindo o abastecimento humano das
principais cidades do Vale, e, embora com vazões menores, continua perenizando o Vale e atendendo parcialmente os Perímetros Irrigados de Pentecoste e Paraipaba e os produtores ao longo do rio Curu.

Em relação ao açude Orós, a vazão média liberada é de 7,5m³/s, com 3,30m³/s para
o açude Lima-Campos, através do túnel, sendo responsável por todas as demandas
do mesmo e, mantendo-o em um nível estável; 0,70m³/s para o açude Feiticeiro,
com o mesmo objetivo, e, 3,50m³/s para o rio Jaguaribe, para irrigação difusa e
abastecimento humano ao longo de 80km até a entrada do Castanhão, não
adentrando no reservatório.

O açude Orós deverá terminar o ano de 2013 com aproximadamente 900.000.000m³,
garantindo-se até o ano de 2015.

Já os açudes Banabuiú e Araras, deverão terminar o ano de 2013, respectivamente
com cerca de 380.000.000m³ e 170.000.000m³, podendo atravessar ainda o ano de
2014, mesmo sem recargas significativas, desde que com restrições em relação ao
suprimento hídrico para irrigação.

Merece um destaque especial, neste cenário, o açude Castanhão, que tem sido
imprescindível, nas secas de 2012/2013, com uma liberação média de 28m³/s, sendo
18m³/s para o Rio Jaguaribe e, 10m³/s para o eixão das águas. Os 18m³/s para o
Rio Jaguaribe, apresentam a seguinte distribuição:

-Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi: 5,0m³/s
- Canal do Trabalhador (abastecimento de Fortaleza e irrigação): 3,0m³/s;
- Ypióca: 1,3m³/s;
-Carcinicultura: 0,90m³/s;
- Baquit: 0,48m³/s;
- Braço seco do rio Jaguaribe: 0,50m³/s;
- Abastecimento humano: 0,37m³/s (10 municípios);
- Perímetro Irrigado de Jaguaruana: 0,15m³/s;
- Perenização para irrigação difusa de pequenos produtores: 6,3 m³/s

Os 10m³/s liberados para o Eixão das águas atendem o Perímetro Irrigado
Tabuleiros de Russas, e o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza,
sendo que no momento, somente 02 bombas estão funcionando, e liberando 6,30m³/s,
e, o complemento do abastecimento está sendo efetivado emergencialmente pelo
Açude Banabuiú e pelo Canal do Trabalhador.

De acordo com o balanço hídrico do açude Castanhão, este deverá terminar o ano
de 2013 com 2,3 bilhões de m³, o que garante a segurança hídrica da Região
Metropolitana de Fortaleza até 2015, e, valendo salientar que esta região
metropolitana já vem tendo o abastecimento garantido, desde junho/2012, pelo
reservatório em questão, e aí vem a segunda indagação: o que seria de Fortaleza
sem o Castanhão? 

Sobre a importância deste reservatório, podemos destacar ainda que sua demanda
total deverá chegar de 40m³/s a 45m³/s, quando o Perimetro Tabuleiros de Russas
estiver com toda sua área irrigável em operação e ainda, o atendimento do
Complexo Portuário do Pecém, devendo então receber o devido aporte do Rio São
Francisco, através da transposição. E aí vem a terceira indagação: Porque não o
DNOCS para ser a entidade Operadora Federal do PISF, já que o Órgão é o grande
conhecedor e idealizador das políticas de convivência com as secas, e também o construtor,
operador e administrador dos reservatórios incluídos no Projeto?

Finalmente, não podemos esquecer também de uma das mais importantes funções do
Açude Castanhão, que é o controle de enchentes, evitando que as grandes cheias
atinjam de uma maneira drástica o vale do Baixo-Jaguaribe. 

Fonte: http://www.dnocs.gov.br/php/comunicacao/noticias.php?f_registro=2914&f_opcao=imprimir&p_view=short&f_header=1&

Brics buscam afirmação


Brics buscam afirmação no sistema multilateral
FGV, 23-Abr-2013

No fim do mês passado, em Durban (África do Sul), as potências emergentes do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) reafirmaram a intenção de criar um novo banco de desenvolvimento como alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo como foco específico investimentos em infraestrutura. Mas, afinal, que leitura se pode fazer disso? Para Lia Valls, pesquisadora da Área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/IBRE), a postura do grupo é um indicativo de que esses países querem ser vistos com outros olhos. “Há um debate muito grande de mudança, do equilíbrio de poder no mundo. Os Brics querem criar instituições que correspondam mais a seus objetivos, e junto às quais eles teriam mais flexibilidade. É uma forma desses países atuarem mais dentro dos organismos multilaterais”, avalia. E emenda: “Eles estão dizendo: somos um grupo que atua. Estamos olhando, estamos querendo essa presença no cenário internacional como um todo”.

Lia acredita que, especulações à parte, o novo banco não deva estar restrito a operações junto aos países que formam o Brics. 
“Provavelmente a ideia é que eles possam estender o atendimento a outros países, mesmo porque tanto a China, quanto a África do Sul e o Brasil têm interesses em outras regiões”, pondera. Por trás disso, aponta, está a força da China, que entraria com o maior volume de recursos, cerca de US$ 100 bilhões dos US$ 240 bilhões previstos. “Se o banco for para frente, isso será positivo para todos, especialmente para os chineses, que estão buscando a internacionalização de suas empresas. É importante lembrar que eles têm interesses em recursos na África e na América do Sul, lugares nos quais por vezes enfrentam barreiras. Se eles passam a ser os grandes financiadores de obras de infraestrutura, esse cenário muda”, destaca.

Fonte: http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=402880972283E1AA0122841CE9191DD3&lumItemId=8A7C82C53D89C609013E336EB2687E10

Carnaubeira é fonte de renda

Carnaubeira é fonte de renda para produtores
DIÁRIO DO NORDESTE, 02.12.2012
Por sua importância, a carnaúba ganha reconhecimento, inclusive, com um dia em sua homenagem

Jaguaruana. A árvore que resiste à seca é fonte de renda para famílias de agricultores em boa parte do interior do Estado. Ela é de fácil plantio, resistente às mais diferentes condições do solo e clima. Sua colheita não agride o meio ambiente, uma vez que as folhas que são derrubadas nascem na safra seguinte. Aos poucos, a carnaubeira vem retomando destaque na economia de pequenos produtores e artesãos, que retiram dela seu principal meio de sobrevivência.

O Memorial da Carnaúba carrega os traços do costume do povo jaguaribano e aos poucos vem revitalizando sua cadeia produtiva. O objetivo é preservar e incentivar nas comunidades a manutenção da atividade FOTO: ELLEN FREITAS

No Ceará, existem hoje sete polos produtivos da carnaúba. Na região do Vale do Jaguaribe a árvore é cultivada em 15 municípios. Em boa parte dos polos produtivos, ainda é utilizado o método tradicional de derrubada e colheita da palha, o que requer conhecimento e muita mão-de-obra. O "vareiro" é o personagem principal do ciclo produtivo. Ele é o responsável pela derrubada da palha. Com uma vara comprida e uma foice afiada na ponta, o mestre precisa ser habilidoso para que a palha não o machuque, nem aos seus companheiros. O vareiro precisa conhecer a carnaúba para que não prejudique a safra seguinte.

O trabalho é árduo, sol a sol. Ele derruba, em média, 40 palhas por árvore, chegando a cortar cerca de 10 a 12 milheiros de palha por dia, ou seja, 300 carnaubeiras. Após a colheita, o "junteiro" transporta a palha para que ela seja estendida no chão batido para secar ao sol. Ao relento, as palhas são secas de oito a dez dias. A "derriçadeira" é usada para extrair a matéria-prima (pó), que se transforma em cera e é comercializada em várias partes do mundo.

Extrativismo

O extrativismo da cera da carnaúba tinha papel importante para a economia cearense décadas atrás. Na época, o algodão era a principal cultura agrícola do Estado, mas foi na região jaguaribana que a árvore nativa impulsionou o desenvolvimento de algumas cidades. Nas primeiras décadas do século XX, a cera correspondia a 41,3% das exportações cearenses. As cidades de Limoeiro e de Russas, bem como as Vilas de Tabuleiro, Quixeré e São João tiveram grande benefício com os investimentos nos estabelecimentos comerciais, muitos deles oriundos dos lucros da produção cerífera na região.

Segundo o historiador Hider Albuquerque, a indústria fonográfica era grande consumidora do produto nos anos de 1950, período de auge da produção da cera. O município de Russas se destacou nesse período na produção da matéria-prima e foi condecorado com o título de maior cidade exportadora da cera da carnaúba.

Foi a partir da utilização de outras matérias-primas na produção dos vinis que iniciou o declínio da produção. "A utilização do petróleo como matéria-prima de plásticos e derivados foi substituindo a cera de carnaúba, por volta dos anos de 1980 mal se tinha conhecimento da utilização da cera principalmente na produção de discos", explica Hider.

A queda, aos poucos, desvalorizou economicamente o produto, e a cultura basicamente foi restrita aos pequenos produtores. "Dos anos 2000 pra cá, tem havido uma tentativa de revitalização da produção de cera, devido à sua utilização em vários outros produtos", observa o historiador.

Dia estadual

A carnaúba tem recebido, na última década, reconhecimento de sua importância histórica e econômica para o Estado. Em setembro deste ano, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (AL-CE), aprovou o projeto de Lei Nº 68/12, de autoria do deputado Sérgio Aguiar (PSB), que institui o Dia Estadual da Carnaúba. O decreto Nº 27.413, de 30 de março de 2004, institui a carnaubeira como árvore símbolo do Estado do Ceará.

Aos poucos, a árvore nativa, genuinamente brasileira, que escolheu principalmente o Ceará para crescer, ganha o reconhecimento e o incentivo da comunidade para preservação de sua cultura

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1209796



A CLASSE MÉDIA NO BRASIL


No Brasil, a classe média já representa
um terço da população
13 de novembro de 2012

Aos 52 anos, o pedreiro Jorge Sinésio de Almeida compra as primeiras passagens aéreas: viajar é um dos sonhos da nova classe média brasileira.  
Mariana Ceratti / World Bank

A nova classe média da América Latina
O pedreiro Jorge Sinésio de Almeida, 52 anos, tem más lembranças das viagens de ônibus que fez de São Paulo até a cidade natal, na Paraíba. “É um trajeto de três dias em estradas horríveis. Os passageiros sempre correm o risco de assaltos.”

Atualmente, ele conta os dias para a primeira viagem que fará de avião, em dezembro. “Quero embarcar logo. Vão ser só três horas de viagem”, ele conta. “Acho que não vou ter medo. Todos os meus amigos gostaram.”

Pelo nível de renda, Almeida se enquadra na nova classe média brasileira, segundo um novo relatório do Banco Mundial. O estudo define classe média como a parcela da população que ganha entre US$ 10 e US$ 50 por pessoa (entre R$ 20 e R$ 102) ao dia.  

Explosão do consumo

A classe média representava 15% da população brasileira no começo dos anos 1980 e, agora, soma quase um terço dos 190 milhões de habitantes.

Ela cresceu graças ao bom desempenho econômico do Brasil nos últimos anos, às políticas de redução da pobreza, às novas oportunidades de trabalho para as mulheres e à melhor formação dos trabalhadores.

Entre outros temas, o estudo analisa a explosão do consumo no país, um fenômeno gerado pelo aumento do poder de compra dos brasileiros. Essa é uma tendência que deve se manter nos próximos anos, diz o relatório. “Comprar qualquer coisa – uma TV, um carro – ficou mais fácil porque há mais crédito na praça”, confirma Almeida.

As passagens de avião, por exemplo, estão entre os itens preferidos de quem ascendeu à classe média. Entre julho de 2011 e o mesmo mês em 2012, 9,5 milhões de brasileiros voaram pela primeira vez, segundo o instituto Data Popular, de São Paulo.

O bom momento do consumo, porém, esconde um risco: o de que as famílias brasileiras estejam economizando pouco. A longo prazo, se a economia do país desacelerar, essas pessoas podem tornar-se excessivamente endividadas e vulneráveis, segundo o relatório.


Redução das desigualdades

Desde que as medições de renda familiar começaram a ser divulgadas, nos anos 1970, a América Latina mostra-se uma das regiões mais desiguais do mundo – comparável somente com alguns países na África Subsaariana.

Ao longo da última década, no entanto, a combinação de crescimento econômico sustentado e redução das desigualdades deu origem a uma queda nos níveis de pobreza.

De 2003 a 2009, a classe média cresceu 50% na América Latina. Os brasileiros contribuíram em mais de 40% para o crescimento total da classe média na região, de acordo com o estudo.

“Acho que tanto o Brasil quanto a minha vida estão melhores do que há 26 anos, quando cheguei a São Paulo”, diz Almeida ao terminar de comprar as passagens aéreas. Em poucas palavras, o pedreiro arrisca um palpite sobre o motivo que fez sua vida melhorar desde então: “Eu era pobre, mas nunca deixei de trabalhar.”

Fonte: THE WORLD BANK GROUP (BANCO MUNDIAL)

Previsão climática no Ceará


Previsão climática aponta quadro
desfavorável às precipitações no Ceará

A quadra chuvosa no Ceará está chegando ao seu último mês (maio) e, parcialmente, as chuvas estão 60% abaixo da normal, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Pelo que indicam os especialistas, a estiagem deve seguir pelos próximos meses em todo o Nordeste. Ontem, 18 de abril, após nova reunião mensal de avaliação climática para a Região, desta vez realizada em Maceió/AL, meteorologistas mantiveram a previsão de maior probabilidade de chuvas abaixo da normal. Além do mês de maio, o novo prognóstico também abrange os meses da pós-estação chuvosa no Estado, junho e julho. 

A reunião contou com técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE), da Funceme e dos núcleos de meteorologia dos estados no Nordeste. Eles analisaram as condições atmosféricas e oceânicas e apontaram, para o Ceará, probabilidade de 45% para as precipitações ficarem abaixo da normal, 40% para chuvas em torno da normal e 15% de chances de chover uma quantidade acima da normal no período.


“Estamos numa situação de estiagem e, infelizmente, as previsões são de manutenção desse quadro.  Acompanhando a evolução das temperaturas de superfície do Oceano Atlântico tropical, percebemos que as condições permanecem desfavoráveis às precipitações. Da forma que o oceano se encontra, com a parte norte mais aquecida, a Zona de Convergência Intertropical, que é o principal sistema indutor de chuvas no Ceará, está posicionada distante do Estado. Assim, não temos chuvas regulares”, explica Meiry Sakamoto, gerente do Núcleo de Meteorologia da Funceme. Ela ressalta que a irregularidade temporal e espacial das chuvas é uma característica dos anos com precipitações abaixo da normal.

Assim como aconteceu nas reuniões de janeiro, fevereiro e março, no encontro de Maceió também foi considerado o modelo atmosférico global gerado pela Funceme, único núcleo estadual do Brasil a fornecer esse tipo de informação em escala mundial. O novo produto da instituição foi analisado junto aos modelos do INMET e  CPTEC/INPE.

Previsão do Tempo

Desde a última quarta-feira, 17 de abril, a elevada umidade relativa do ar e a influência de uma Zona de Convergência de Umidade sobre o Nordeste do Brasil vem causando chuvas no Ceará. Segundo a Funceme, nesta sexta-feira, 19, foram registradas precipitações em 146 municípios do Estado, sendo os maiores índices em Hidrolândia (80 milímetros), Quiterianópolis (72mm) e Parambu (68mm). Em Fortaleza, choveu 14 milímetros. A previsão do tempo para amanhã é de céu entre nublado e parcialmente nublado, com chuvas em todas as regiões cearenses.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Funceme
19 de abril de 2013

Experiências de convivência com o Semiárido

BNDES e FBB visitam experiências
de convivência com o Semiárido
Dez representantes viajaram para a cidade
de Cumaru, no agreste pernambucano
Daniel Lamir - ASACom / Cumaru - PE / 17/04/2013

Visitantes conheceram e dialogaram sobre as experiências | Foto: Ylka Oliveira - ASACom A produção de alimentos, criação de animais e comercialização são atividades rurais que devem permanecer sendo realizadas nos períodos de estiagem. Agricultores familiares que desenvolvem estratégias de convivência com o Semiárido encontram menos dificuldades para ter água para beber, plantar e criar, apesar da escassa ou inexistente presença de chuvas no roçado.

No município pernambucano de Cumaru, representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e Fundação Banco do Brasil (FBB) visitaram, no último dia 12, duas agricultoras que durante os meses sem chuva não perderam de vista o planejamento e a moderação no uso da água. Ana Paula da Silva, do sítio Cabugi, e Joelma Pereira, da comunidade Pedra Branca, abriram as portas de suas propriedades para exemplificar boas iniciativas de viabilidade no Semiárido, mesmo durante os previsíveis ciclos de seca.

Saindo de cidades como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, o grupo de dez pessoas viajou para o agreste para conhecer a implementação de tecnologias sociais realizadas pela ASA, através dos Programas Uma Terra e Duas Águas (P1+2) e Um Milhão de Cisternas (P1MC). O consultor da FBB, Jeter Gomes, destacou o desenvolvimento local que acompanha a construção das tecnologias: “As comunidades [beneficiadas] mudam muito. É muito rico. Não é só colocar por colocar a cisterna, há toda uma metodologia para o próprio protagonismo das famílias”.

A primeira reunião dos visitantes aconteceu embaixo de um telhado de 100 m². O local é parte de uma tecnologia social instalada para oferecer água para a produção de alimentos e a criação de animais de Ana Paula. Desde 2010, a anfitriã que mora com três filhos e um irmão, Severino Ramos, possui uma cisterna-telhadão, tecnologia em fase de teste, disseminada pela ONG integrante da ASA, Centro Sabiá, que capta água da chuva para uma cisterna de 52 mil litros. Três anos antes da cisterna-telhadão, Ana Paula conquistou uma cisterna de 16 mil litros para o consumo humano.

A precipitação de apenas 200 mm registrada nos últimos dois anos não esgotou o estoque de água de Ana Paula. “As pessoas ficam admiradas porque eu ainda tenho água. Eu respondo que tenho água porque economizo. Não é porque a gente tem cisternas que a gente não vai economizar”, destaca a agricultora Ana Paula, que, semanalmente, comercializa produtos naturais e beneficiados na Feira de Cumaru.


A segunda parte da visita aconteceu no sistema agroflorestal de Joelma Pereira. Apesar da falta de Joelma Pereira falou sobre sua trajetória agroecológica e as atuais estratégias diante da seca | Foto: Ylka Oliveira - ASACom água da chuva, o local de meio hectare resiste à variação climática com áreas verdes e produtivas. “Quando cheguei aqui só tinha um juazeiro e um umbuzeiro”, lembra Joelma Ferreira, casada há vinte anos com o cisterneiro Roberto Pereira e mãe de três filhos.

A curiosidade de experimentar novas práticas agrícolas e o apoio do Centro Sabiá deram condições de Joelma continuar comercializando, mesmo com a falta de chuvas no local. Hoje, a agricultora agroecológica conseguiu comprar mais hectares e permanece estocando água, sementes e alimentos, além de buscar inovações e novas estratégias para melhorar a qualidade de vida. 

Utilizando uma cisterna para consumo humano e duas para produção de alimentos e criação de animais (cisterna-calçadão e barragem subterrânea), além de um banco de sementes nativas, a família de Joelma consegue produzir “de tudo um pouco”, sendo um exemplo de segurança e soberania alimentar em uma região estigmatizada como improdutiva.

O superintendente da Área de Pecuária de Inclusão Social do BNDES, Marcelo Cardoso, destacou a efetividade das tecnologias e o envolvimento das famílias para o sucesso do P1+2 e P1MC. “As impressões são muito positivas. O BNDES está buscando conhecer melhor as tecnologias sociais que são empregadas com bastante sucesso pela ASA no Semiárido nordestino para que ele possa apoiar e entrar nessa iniciativa”, declarou Cardoso.

Parceria  - Em 2012, a Fundação Banco do Brasil (FBB) firmou uma parceria com a ASA para construção de 60 mil cisternas de placas em oito estados do Semiárido. O projeto está na fase de finalização e vai garantir o direito à água potável e de qualidade a cerca de 300 mil pessoas. Esta ação está situada no Plano de Combate à Extrema Pobreza, lançado pela presidente Dilma Rousseff no início do seu governo. 

Fonte: http://www.asabrasil.org.br/Portal/Informacoes.asp?COD_NOTICIA=7740


IBGE mapeia a população indígena


IBGE mapeia a população indígena

A partir das informações coletadas pelo Censo 2010, o IBGE elaborou um breve conjunto de mapas e tabelas mostrando a distribuição espacial das 896 mil pessoas que se declararam ou se consideraram indígenas e, ainda, enumerando as 305 etnias encontradas pelos recenseadores em 2010. Também foram listadas as mais de duzentas línguas faladas nas terras indígenas. Fruto de uma parceria entre o IBGE e a FUNAI, a publicação “O Brasil Indígena” será distribuída às unidades destes dois órgãos, em todo o país, e também estará disponível na internet. Os mapas e tabelas da publicação mostram, por exemplo, que 36,2% das pessoas que se declararam indígenas viviam nas cidades e os outros 63,8%, em áreas rurais. Dentre estes últimos, 517 mil (ou 57,7% do total) moravam em terras oficialmente reconhecidas como indígenas.

Fonte: http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2360

SEMINÁRIO SOBRE A CAATINGA

 SEMINÁRIO BIODIVERSIDADE DA CAATINGA

Em comemoração ao Dia Nacional da Caatinga (28 de Abril), a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, realizará o Seminário sobre estratégias de divulgação e implementação de experiências bem sucedidas de uso sustentável da biodiversidade da Caatinga, nos dias 25 e 26 de abril, em Brasília-DF, no auditório do Ministério do Meio Ambiente. Entre os especialistas convidados, Rodrigo Castro, secretario executivo da A Caatinga, falará sobre o trabalho de miliponicultura realizado pela Associação Caatinga no município de Crateús, como experiência bem sucedida de manejo não-madeirado na Caatinga.
O objetivo do seminário é, por meio dos relatos e das discussões do evento, contribuir para uma estratégia de divulgação destas experiências e para a construção de políticas públicas que promovam sua adoção ou adaptação em larga escala.

Fonte: http://www.acaatinga.org.br/index.php/2013/associacao-apresenta-resultados-em-seminario-que-comemora-o-dia-da-caatinga/


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Perspectivas para a Caatinga

Evento abordará biodiversidade da Caatinga
Seminário apresentará as experiências bem sucedidas de uso sustentável no bioma que abrange parte do Nordeste e do norte de Minas Gerais
LUCIENE DE ASSIS

É possível alcançar a sustentabilidade e ainda gerar renda a partir do uso sustentável da biodiversidade da Caatinga, apesar dos problemas gerados pelos processos de desertificação, secas e mudanças climáticas. Esses são alguns dos temas da pauta do “Seminário sobre estratégias de divulgação e implementação de experiências bem sucedidas de uso sustentável da biodiversidade da Caatinga”, previsto para os dias 25 e 26 de abril, em Brasília, no auditório do Ministério do Meio Ambiente (MMA), na 505 Norte, em comemoração ao dia da Caatinga, celebrado no domingo, 28 de abril.

Especialistas em uso sustentável da Caatinga para diversos fins, como pecuária, produtos madeireiros e não madeireiros, criação de abelhas nativas, dentre outros, participam do evento apresentando suas experiências. Representantes de assentamentos e de comunidades produtoras vão mostrar que é possível a convivência do homem com o bioma, extraindo dele suas potencialidades sem destruí-lo. 

EXPERIÊNCIAS

Na abertura do Seminário estarão presentes, entre outros estudiosos do assunto, o chefe de Gabinete da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF/MMA), Fernando Tatagiba; o diretor do Departamento de Combate à Desertificação do MMA, Francisco Campello; e o gerente substituto de Conservação da Biodiversidade da SBF, João Arthur Seyffarth. Na sexta-feira, o secretário da SBF/MMA, Roberto Brandão Cavalcanti, abre os debates com o tema “As estratégias para a conservação e uso sustentável dos biomas brasileiros”.

O objetivo do seminário é contribuir para uma estratégia de divulgação dessas experiências e para a construção de políticas públicas que promovam sua adoção ou adaptação em larga escala, por meio dos relatos e das discussões do evento, a partir dos relatos e das discussões do geradas durante o evento. 

Na manhã da quinta-feira, 25/4, a Câmara dos Deputados realiza audiência pública destinada a debater a utilização do bioma, em comemoração ao dia da Caatinga, considerado um bioma genuinamente brasileiro, abrangendo parte do Nordeste e do norte de Minas Gerais. O secretário da SBF, Roberto Cavalcanti, e o diretor do Departamento de Desertificação do MMA, Francisco Campello, participam da reunião como representantes da ministra Izabella Teixeira.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente



segunda-feira, 22 de abril de 2013

DEBATE - VENEZUELA PÓS-CHÁVEZ



Brasil tem três computadores para cada cinco habitantes


Brasil tem três computadores
para cada cinco habitantes,
diz pesquisa da FGV

Pesquisa do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV mostra que o número de computadores dobrou em quatro anos

A quantidade de computadores em uso no Brasil, somados os corporativos e os domésticos, chega a 118 milhões, aponta pesquisa do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgada nesta quinta-feira (18). Isso significa que existem, no país, três computadores para cada cinco habitantes.

O estudo mostrou também que o número de computadores dobrou no período de quatro anos. Para este ano, a FGV estima que serão comercializados 22,6 milhões de unidades, o que equivale a uma unidade por segundo.

A projeção para daqui três anos é que o país tenha um computador por habitante, com 200 milhões de unidades. Esse crescimento será puxado, explica o professor Fernando Meirelles, coordenador da pesquisa, pelo aumento previsto nas vendas de tablets, também classificado como computador pela pesquisa.

O levantamento, que é feito há 24 anos e divulgado anualmente, consultou 5 mil grandes e médias empresas com 2,2 mil respostas válidas.
(Fernanda Cruz, Agência Brasil)

terça-feira, 2 de abril de 2013

Cortez Pereira e a seca no Nordeste


Cortez Pereira e a seca no Nordeste.

Por considerar oportuno, publicamos hoje um depoimento escrito do ex-governador Cortez Pereira, na década de 80, para uma reportagem que o extinto O POTI, de Natal, publicou sobre a seca no Rio Grande do Norte. Não me lembro da data que ele me entregou quatro folhas de papel almaço contendo as suas opiniões e idéias sobre o semi-árido potiguar, a pouca inteligência dos governantes do Rio Sem Sorte, desde o período colonial, para enfrentar os nossos problemas. As quatro folhas, manuscritas com caneta esferográfica, com tinta azul e sem assinaturas, estão comigo. Recentemente, um artigo de Albimar Furtado, publicado no NOVO JORNAL, de Natal, fez-me lembrar um trecho da entrevista do sábio Cortez Pereira, há uns 30 anos: "Digo que seca não é a nossa terra, mas a inteligência dos que nos governam desde a era colonial".  Abaixo, a transcrição do texto de Cortez Pereira, filho de Olindina Cortez Pereira e Vivaldo Pereira, neto Manoel Pegado Cortez e Maria Senhorinha Dantas Pegado Cortez-Marica Pegado.


José Cortez Pereira de Araújo*

-Nossa pobreza não decorre das secas, nem da escassez de terras férteis, muito menos do clima. Ela se origina nas múltiplas atividades econômicas que formam nossa agricultura, inadequada às condições e circunstâncias do Nordeste. Nossas atividades agrícolas são contrárias à natureza, são anti-ecológicas, as chuvas irregulares, a alta temperatura, o excesso de luz tudo aqui cultiva culturas arbóreas, perenes e nós fazemos, no Nordeste, exatamente o contrário.

-O Seridó é a maior demonstração do acerto contido na expressão que tenho repetido várias vezes: nós não temos fatores adversos e sim atividades adversárias dos fatores.

Não há, em todo o Nordeste, uma região mais árida do que o Seridó (vértice de aridez 3.3), nem mais quente (até 60°nos afloramentos da rocha), nem com maior luminosidade (quase 3.000 horas/sol/ano), cujos solos sejam tão rasos, secos e erodidos e, no entanto, o nível de vida povo é muito superior ao das populações do fértil e chuvoso Maranhão.

-Tudo começou, como começam sempre a história de todas as gentes, pelas atividades primárias, pelo que se faz o homem sobre a terra. Foi a atividade compatível com a natureza que ajudou o homem melhorar a sua vida.O Seridó começou com os currais, as fazendas de gado, as barragens submersas, as vazantes nos leitos dos rios, os açudes médios e pequenos. Guimarães Duque escreveu que era o seridoense quem sabia melhor aproveitar a pouca e irregular água que caía Nordeste. E foi assim que a pecuária se tornou suporte econômico e alimentar com carne, leite e queijo o homem do seridó.

-O clima tornou saudável a pecuária do Seridó e a imaginação do homem criou os meios para se conviver coma seca.
A outra grande atividade econômica da região não precisou, sequer, de ajuda, porque ela já era a própria natureza, no xerofilismo do algodão mocó. Cultura arbórea, perene, o nosso algodão casava com o clima seco para melhorara sua fibra longa. O solo semi-àrido era sua condição ótima para vegetar e produzir. Plantasse o algodão seridó nas terras férteis dos vales úmidos, que a rejeição o faria amarelar, amofinar, com saudade da terra seca, da quentura infernal do meio-dia e das noites sem orvalhos.

-Nos sertões do Nordeste, em nenhum outro lugar, elevou-se tanto o nível social do povo, quando no Seridó. Um dos sintomas dessa realidade foi a liderança da Região em relação ao Estado, desde o primeiro Presidente da Província Tomás de Araújo Pereira. Para se sentir a força dessa influência, basta lembrar os nomes de Brito Guerra, José Bernardo, Juvenal Lamartine, Pe. João Maria, Dinarte Mariz e Monsenhor Walfredo Gurgel.

-O nível social alcançado explica a projeção dos seus homens e ambos os fenômenos são explicados pelo desenvolvimento econômico da Região. Esse desenvolvimento econômico só foi possível porque as duas históricas atividades primárias, harmonisavam-se com a natureza, apoiavam-se nela.

-Agora, outro aspecto interessante do assunto: o binômio algodão X boi se complementa, se integra e, assim, potencializam-se recíprocamente. Os campos de algodão, depois da colheita, viram cercados de solta e a praga remanescente é destruída pelo gado, que muito deixa  nos roçados. Tem mais, a cultura do algodão produziu, também, a torta, ou simplesmente o caroço que era o rico alimento proteico dos meses secos e dos anos mais secos.
O Seridó era uma harmonia de trabalho produtivo!

Um outro fato econômico que ocorreu no velho Seridó, eu acho sensacional. Em nenhum outro lugar do Brasil, com a mesma intensidade, aconteceu coisa parecida. Foi como que um planejamento “espontâneo”, nascudo da intuição, que  desenvolveu a atividade agrícola na complementação industrial, com a industria rudimentar situada na própria areada produção da matéria prima. Refiro-me aos descaroçadores de algodão, às tradicionais “bulandeiros” que se situavam nos sítios e nas fazendas, criando , naquele tempo, a agro-industria-rural, que os mais modernos planejadores do Terceiro Mundo apontam, hoje, como a grande solução de quase todos os nossos problemas.

Cortez Pereira em 1974, quando governador,
em visita ao Vale do Açu durante as cheias

-A agro-indústria –rural integra os dois grandes setores de produção e transformação econômicas, com a grande vantagem de, situando-se no campo, permitir o natural êxodo agrícola, evitando o êxodo rural. Só assim, supera-se o grande, o imenso problema do alto custo social das cidades “inchadas”. Pois bem, tudo isso já existiu no Seridó do passado. Certa vez,  em encontro de políticos importantes e até Ministros, eu destaquei esta originalidade genial, quando um deputado federal do Seridó, sem entender o sentido da coisa, condenou o fenômeno sob a crítica de que o meu pai teria sido – como foi – um desses agro-industriais...

- Este pedaço do Brasil chamado Seridó, precisa um estudo sociológico profundo para se tentar conhecer as raízes da sua vida, do seu comportamento e reações. Contam que o primeiro, ou um dos primeiros açudes do Nordeste teria sido  feito em Caicó. Um preto patriarca, responsável pelo grande feito, pedira ao missionário alemão que pregava missões na “Vila do Príncipe” para abençoar a novidade, o açude. Quando o frade viu que se tratava de contrariar a vontade de Deus que fizera os rios para devolver ao mar as águas que sobravam da terra, amaldiçoou o velho Terêncio (que se suicidou) e sua família, até a 3ª geração. Agora, a grande lição: desde então Caicó não deixou mais de fazer açudes e nenhum outro município do Nordeste tem mais açudes do que lá.

-O Seridó tem projeção no Brasil, na época da guerra, pelo grande produção de tugstênio  e outros minérios. Do sub-solo da Região tiram-se muitas matérias primas com as quais é feito o desenvolvimento dos países avançados: capacitores eletrônicos, turbinas de aviões a jato, naves espaciais, reatores nucleares, etc.

-Agora mesmo é o ouro e o ferro que reaparecem na nossa pauta de produção, mostrando a riqueza diversificada do Seridó.

- Uma vez, pelo menos, eu não fui bem entendido, quando responsabilizo o governo como o grande “vilão” na história sem lógica da pobreza do Nordeste. Digo que seca não é a nossa terra, mas a inteligência dos que nos governam. Isto desde a era colonial, quando os portugueses nos ensinaram a cultivar o que faziam na Europa e que não podia dar certo aqui, no Nordeste, que não tem nada parecido com Europa. E o pior,  de lá para cá, os que nos governam não foram sensíveis a fazer uma reformulação de nossas atividades econômicas e, mais grave ainda, não souberam sequer conservar o que se fazia acertadamente, aqui. Exemplo: o algodão mocó. O “bicudo”, apenas deu o tiro de misericórdia. O velho algodão mocó começou a morrer quando o crédito oficial (o Governo) chegou por aqui, aplicando suas normas feitas para o algodão anual de S. Paulo e Paraná.

O financiamento teria de ser pago no mesmo ano e o seridoense, para escapar, plantava entre as fileiras do algodão arbóreo o outro algodão anual, o “rasga letra”, que daria condição de pagamento anual, mas que foi hibridando, misturando-se geneticamente, até fazer desaparecer o patrimônio fantástico do velho algodão mocó.
*José Cortez Pereira de Araújo foi político, professor e ex-governador do Rio Grande do Norte (1970-1974)
Postado por Luiz Gonzaga Cortez nos blogs: