terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Distribuição e produtividade marginal

Distribuição de renda e produtividade marginal
dos fatores de produção

No dia 2 de novembro de 2011, 70 estudantes do curso de economia do professor Greg Mankiw, na Universidade Harvard, decidiram sair da sala de aulas como ato de protesto. Em uma carta aberta a seu professor, os estudantes criticaram o fato de ele não oferecer uma discussão adequada sobre os fundamentos da teoria econômica. Também afirmaram que o curso tampouco oferecia perspectivas críticas sobre a teoria econômica convencional nem opções alternativas através de outros enfoques teóricos. Nos tempos que correm, essas duas acusações são bastante sérias.

Os alunos anunciaram em sua carta de protesto que estavam fartos do caminho imposto no curso de Mankiw. Explicitamente afirmaram que a orientação do curso contribuía para perpetuar a desigualdade econômica que hoje marca a sociedade estadunidense. Essa é uma imputação grave, levando-se em conta que hoje, nos Estados Unidos, o coeficiente de Gini para medir a desigualdade (o indicador mais utilizado para medir níveis de concentração na distribuição do ingresso) é de 0.48 e constitui um dramático testemunho do fracasso da política econômica da economia capitalista mais desenvolvida do mundo. Esse indicador no México é de 0.49, o que diz muito sobre o péssimo desempenho da economia estadunidense.

Mas os bravos professores de economia filiados ao establishment não têm medo de nada. Hoje Mankiw está publicando em uma prestigiosa revista acadêmica um artigo com o provocador título “Em defesa do um por cento”. O texto começa afirmando que, nos últimos 40 anos, a renda média nos Estados Unidos cresceu, mas dito crescimento não foi uniforme: para o um por cento no alto da pirâmide social o aumento da renda foi muito maior que a média. Segundo Mankiw, isso se deve a que as pessoas no um por cento realizaram grandes contribuições à economia do país norte-americano.

O texto do professor recorre, em diferentes momentos, à ideia de que a remuneração que as pessoas recebem está em proporção direta à sua contribuição ao produto social. Os que recebem pouco em termos de compensação salarial, por exemplo, realizam uma exígua contribuição ao produto. Do contrário, os que percebem grandes rendimentoss o fazem porque realizaram grandes contribuições ao produto e ao bem-estar social.

Em seu artigo, Mankiw redescobre a teoria marginalista sobre a distribuição. O argumento-chave desta teoria é que a distribuição de renda numa economia (capitalista) está determinada pela produtividade marginal dos fatores da produção, capital e trabalho. Os fatores da produção percebem como remuneração o que corresponda a sua contribuição à produção social. Cada trabalhador recebe como remuneração sua contribuição marginal ao produto.

Entre 1965 e 1975 se desatou uma importante controvérsia entre os seguidores dessa teoria e um grupo de professores da Universidade de Cambridge, Inglaterra. Nessa disputa a teoria marginalista recebeu uma crítica decisiva. Os críticos, com Piero Sraffa, Joan Robinson e Pierangelo Garegnani à cabeça, demostraram que não havia maneira de medir o fator chamado capital de maneira independente da distribuição. Essa crítica demostrou que a teoria da produtividade dos fatores sofria de uma circularidade fundamental. Só é possível determinar a produtividade do capital conhecendo o preço dos bens de capital (porque isso é o que permite somar máquinas heterogêneas e edifícios de todo tipo), mas os preços não são independentes da distribuição de renda e, no caso do capital, o preço depende da taxa de lucro. Portanto, para conhecer a produtividade do capital é necessário conhecer a taxa de lucro, mas para isso é necessário conhecer: a produtividade do capital!

Os seguidores da teoria da produtividade marginal compraram a briga, mas seu caso estava perdido. No final, o sumo pontífice da seita neoclássica, Paul Samuelson, aceitou a derrota em um célebre artigo publicado em 1966. Esse reconhecimento devia ter sido suficiente para abandonar o enfoque marginalista. Mas a contribuição ideológica que realiza essa teoria é chave e os poderes estabelecidos resistem em perdê-la.

A conclusão do debate é clara: a distribuição da renda não é determinada por fatores técnicos na economia. A distribuição se define, como bem afirmou Sraffa há já 50 anos, por forças que estão fora do sistema econômico e depende de coisas como a força relativa das uniões de empresários e dos sindicatos dos trabalhadores. Não há nenhuma razão técnica pela qual os salários devem ser baixos ou mesmo miseráveis.

Tampouco há motivos técnico-econômicos para justificar a renda descomunal do um por cento da população que Mankiw quer defender, por mais que insista que suas contribuições à economia guardam proporção com esses ingressos.

Fonte: http://ecopoliticauff.blogspot.com.br

sábado, 14 de janeiro de 2017

DEMANDA AGREGADA

DEMANDA AGREGADA

No curto prazo o principal determinante do grau de utilização da capacidade produtiva é a demanda agregada, ou seja, o consumo, o investimento, os gastos do governamentais e as exportações. São as decisões a respeito desses elementos que determinam o nível de renda de um país e que explicam as oscilações do produto no curto prazo.

O CONSUMO
O consumo corresponde aos gastos com aquisição de bens que visam atender à satisfação de uma necessidade: alimentos, vestuário, eletrodomésticos etc.

O INVESTIMENTO
O investimento corresponde aos gastos que visam aumentar a capacidade produtiva; percebe-se que o investimento é um elemento da demanda agregada corrente que afeta o nível futuro do produto potencial, ao significar um acréscimo do estoque de capital na economia.

GASTO DO GOVERNO
Os gastos governamentais correspondem à aquisição de bens e serviços pelo governo.

AS EXPORTAÇÕES
As exportações correspondem à venda de bens e serviços para não residentes, e as importações, à aquisição de bens e serviços produzidos fora do país.

Fonte: GREMAUD, A. P. Economia Brasileira Contemporânea. 7º ed. São Paulo: Atlas, 2007.













Fronteira de Possibilidades de Produção - FPP

Fronteira de Possibilidades de Produção

A Fronteira de Possibilidades de Produção representa as quantidades máximas de produção que podem ser obtidas por uma economia dadas as tecnologias de produção existentes e as quantidades de factores de produção disponíveis nessa economia. A Fronteira de Possibilidades de Produção representa assim uma lista de combinações de escolha possível de bens numa determinada economia. A existência desta fronteira implica que quanto mais recursos utilizarmos na produção de determinado bem, menos recursos podem ser utilizados na produção de um outro.

A Fronteira de Possibilidades de Produção pode ser representada de uma forma simplificada num gráfico bidimensional em que em cada eixo é colocado um determinado bem. Neste gráfico, a Fronteira de Possibilidades de Produção é representada por uma curva que une os eixos representando as quantidades máximas que é possível produzir de cada bem tendo em conta a quantidade produzida do outro; quando se está sobre esta fronteira, diz-se que a economia está numa situação de eficiência produtiva. Os pontos no exterior dessa curva representam combinações de produção impraticáveis ou impossíveis de atingir. Ao invés, os pontos no interior da curva indicam que a economia não está a produzir eficientemente (o que pode acontecer, por exemplo, em períodos de desemprego elevado durante as flutuações cíclicas da economia).

Fonte: http://www.old.knoow.net/cienceconempr/economia/fronteirapossibprod.htm

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

ECONOMETRIA

Metodologia da Econometria

A natureza da Análise de Regressão

O termo regressão foi introduzido por Francis Galton. Ele verificou que, embora houvesse uma tendência de pais altos terem filhos altos e de pais baixos terem filhos baixos, a altura média dos filhos de pais de uma dada altura tendia a se deslocar ou “regredir” até a altura média da população como um todo. Em outras palavras, a altura dos filhos de pais extraordinariamente altos ou baixos tende a se mover para a altura média da população.

A interpretação moderna da regressão é diferente – ocupa-se do estudo da dependência de uma variável (chamada variável endógena, resposta ou dependente), em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis explicativas (ou exógenas), com o objetivo de estimar e/ou prever a média (da população) ou valor médio de dependente em termos dos valores conhecidos ou fixos (em amostragem repetida) das explicativas.

REGRESSÃO versus CAUSALIDADE
É importante ressaltar que embora a análise de regressão lide com a dependência de uma variável em relação a outras variáveis, ela não implica necessariamente em causa. Uma relação estatística, por mais forte e sugestiva que seja, jamais pode estabelecer uma relação causal. As idéias sobre causa devem vir de fora da estatística, enfim, de outra teoria.

REGRESSÃO versus CORRELAÇÃO
A análise de regressão conceitualmente é muito diferente da análise de correlação, cujo objetivo básico é medir a intensidade ou o grau de associação linear entre duas variáveis. Por exemplo, podemos estar interessados em achar a correlação entre o hábito de fumar e o câncer no pulmão. Ou ainda, a correlação entre as pontuações em exames de estatística e de matemática.
Na análise de regressão não estamos interessados em tal medição. Em vez disso, tentamos estimar ou prever o valor médio de uma variável com base nos valores fixados de outras variáveis. Assim, podemos querer saber se é possível prever a nota média em uma prova de estatística sabendo a nota de um estudante em uma prova de matemática. O coeficiente de correlação mede a intensidade da associação (linear)

A NATUREZA E AS FONTES DE DADOS PARA ANÁLISE ECONOMÉTRICA - O sucesso de qualquer análise econométrica depende basicamente da disponibilidade de dados apropriados.