quinta-feira, 3 de maio de 2018

FAVELEIRA DA CAATINGA

Pesquisa aponta uso de planta da Caatinga
para reabilitação de áreas desertificadas
Meio Ambiente

Faveleira ajuda a proteger o solo e pode alimentar o gado nas épocas sem chuva e pastagem

Depois de observar o crescimento de faveleiras numa pequena plantação, o professor de Geografia Josimar Medeiros decidiu investigar um pouco mais sobre a resistência à escassez de água dessa espécie de xerófita. A ideia se transformou num projeto de pesquisa para o doutorado do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Prodema/UFRN). A tese, defendida em dezembro de 2017, identificou a faveleira como espécie-chave cultural do bioma Caatinga e destacou seu protagonismo na reabilitação de áreas desertificadas (AD) ou em processo de desertificação (APD). Para chegar a essas conclusões, o pesquisador realizou observações in loco, revisão da literatura, entrevistas e plantio do vegetal em AD e APD, com auxílio de agricultores familiares.

Em 2014, durante o estudo, na área em processo de desertificação, constatou-se que permaneciam vivas 65 das 82 mudas introduzidas por Medeiros em 2009, mediante a técnica de uso de embalagens plásticas. Para a área desertificada, os agricultores sugeriram usar tanto as embalagens quanto a sementeira para o plantio das mudas, realizado em 2015. Um ano depois, das 60 mudas introduzidas com cada técnica, sobreviveram respectivamente 56 e 46. Apesar de os números serem mais favoráveis para as embalagens plásticas, a praticidade de transporte das sementeiras fez com que esta técnica fosse replicada para plantio pela comunidade de São José do Seridó, 250 quilômetros de Natal, onde atualmente existem aproximadamente 10 hectares de faveleira.

“Mesmo sem prevermos no projeto de doutorado, o vegetal foi disseminado entre os agricultores e se tornou uma política pública do município. As mudas são distribuídas gratuitamente pela prefeitura”, citou Josimar. Na Escola Estadual Raimundo Silvino, local de trabalho do professor, ele desenvolve há mais de 20 anos com seus alunos o plantio de mudas das mais variadas espécies – inclusive a faveleira, espécie classificada como xerófita pela adaptação ao clima semiárido e desértico.


Pesquisador Josimar Medeiros em frente a duas faveleiras. Foto: Cícero Oliveira/UFRN.

Transformações

O irmão do pesquisador, Josenilson Medeiros, foi um dos agricultores que auxiliaram no cultivo da planta. Criador de gado, alimenta os animais com a vegetação rasteira, conhecida popularmente como ‘babugem’, que desaparece nas épocas de pouca chuva e aos poucos estava sumindo permanentemente pelo processo de desertificação – fenômeno causado por efeitos climáticos e ações humanas. Sem alternativa, ele precisava comprar alimento nas épocas de seca para manter a criação, apesar do difícil retorno financeiro por meio da venda de leite. Após a introdução da faveleira, a realidade apresentou transformações visíveis a olho nu.

“Quando a terra está desprotegida, a água vai causando erosão e leva embora a própria babugem. Com a faveleira no terreno, o pasto e as sementes que caem no chão têm onde se proteger, embaixo daquelas raízes, e conseguem se segurar. A planta protege o solo, sem falar no que traz de bom para os animais”, explica Josenilson, ao detalhar que as folhas caem das faveleiras e são consumidas pelo gado justamente nas épocas sem chuva e pastagem. Segundo o agricultor, o vegetal exige pouco trabalho: basta plantar no período correto e com a técnica adequada, sem preocupações posteriores de manutenção.

Impacto social

Presente na vegetação do Rio Grande do Norte há pelo menos um século, a faveleira tem forte relação com a sobrevivência do povo sertanejo. Essa foi a constatação de Josimar após realizar entrevistas com 57 pessoas, com faixa etária de 30 a 100 anos, residentes em diferentes comunidades nas quais a planta é bem distribuída na paisagem. O grupo apresentou utilidades da faveleira tanto para a alimentação de animais quanto humana, além de ser explorada na medicina popular e ter a madeira aproveitada para a confecção de objetos. De alto valor nutritivo, a semente é a única parte consumida por homens e mulheres, que da matéria-prima produzem a tradicional fuba, biscoitos, bolos e cocadas. Da mesma semente, ainda é possível extrair leite e óleo, potenciais fontes de renda para a população local.

Esses e outros fatores levaram à inédita classificação da faveleira como espécie-chave cultural do bioma Caatinga, pelo papel fundamental para a comunidade humana e a manutenção de sua cultura. A nova pretensão do pesquisador é comprovar que a planta também é espécie-chave ecológica, dada a importância da sua contribuição para manter o ecossistema. “Durante as secas ela permanece viva, alimenta a fauna e proporciona o crescimento de outras espécies debaixo da sua copa”, alega.

Do campo para a universidade

As novas descobertas e o resgate do uso da faveleira podem ter impacto significativo na realidade sertaneja, cita a secretária adjunta de Educação a Distância da UFRN, Ione Rodrigues Morais, que foi professora de Josimar Medeiros na época da graduação no campus de Caicó. Entusiasta da pesquisa, a docente estimulou o aluno a transformar as percepções sobre o vegetal em projeto de doutorado. “A pesquisa possui grande relevância por levar em conta os elementos da realidade do semiárido e tratar de uma espécie da própria Caatinga”, frisa Ione.

A proposta foi abraçada pelo professor Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa, orientador de Josimar, com quem já publicou quatro artigos provenientes da pesquisa de doutorado. Para o professor, as diversas utilidades práticas encontradas para a faveleira atendem à proposta de aplicabilidade dos estudos desenvolvidos no Prodema, programa concebido em formato de associação entre sete universidades nordestinas. “Trabalho científico não serve apenas para engavetar, e sim para ser aplicado”, defende Magdi, que considera essencial o surgimento de novas pesquisas acadêmicas sobre a faveleira.

Fonte: Ascom Reitoria UFRN

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

A NOVA GUERRA

O lugar da Rússia e da guerra
na nova estratégia global dos EUA

Por José Luís Fiori, professor titular de economia política internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e consultor do Grupo de Estudos Estratégicos e Propostas para o Setor de Óleo e Gás (GEEP/FUP)


A polarização da sociedade americana, e a luta fratricida de suas elites, neste início do século XXI devem prosseguir e aumentar sua intensidade nos próximos anos, mas não devem alterar a direção, nem a velocidade do crescimento do poder militar global, dos Estados Unidos. Este tipo de ­­­divisão e luta interna, não é um fenômeno novo ou excepcional - se repetiu em vários momentos do Século XX - toda vez em que foi necessário responder a grandes desafios e tomar decisões cruciais no plano internacional.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a entrada dos EUA na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais, ou com a saída norte-americana das Guerras da Coréia e do Vietnã, e em vários outros momentos mais recentes, sem que isto tenha alterado a “marcha forçada” dos EUA, na direção do “poder global” que foi construindo a partir do fim da Segunda Guerra. O mesmo deve acontecer, de novo, neste início do século XXI, independente do que venha a acontecer com o mandato do presidente Donald Trump. E isso, porque existem dois consensos fundamentais, dentro da elite americana que se mantém constantes, a despeito de suas brigas internas e de quais sejam os seus partidos e facções no governo:

1. no campo das ideias, o consenso com respeito ao papel de liderança e comando militar que os EUA devem ter dentro do sistema mundial;

2. no campo material, o compromisso comum com a reprodução e expansão permanente da infraestrutura militar - humana e material - indispensável ao exercício deste poder global.

Graças a este consenso fundamental, a “grande estratégia” dos EUA, no campo internacional, segue sempre em frente, independente das “trepidações internas” da sociedade americana, orientada por dois objetivos fundamentais:

a) o objetivo da “segurança estratégica” dos EUA, envolvendo a prevenção ou eliminação de toda e qualquer ameaça aos seus interesses nacionais e militares, em qualquer ponto do mundo; incluindo o controle naval e aeroespacial de todos os “fluxos” relevantes para o exercício desta supremacia estratégica global.

b) com ênfase particular na “segurança energética” das forças militares e econômicas dos EUA e de seus principais aliados, com o controle do acesso às principais fontes de energia, mantendo seu direito ao bloqueio instantâneo, - em caso de necessidade ou beligerância - do acesso a elas, por parte dos seus concorrentes ou inimigos.

Deste ponto de vista, pode-se entender porque será quase impossível que prospere a proposta do presidente Donald Trump de mudar nas relações dos EUA com a Rússia, procurando definir em comum acordos e responsabilidades específicas em “áreas estratégicas” e “zonas de influência” definidas de comum acordo. O presidente Barack Obama já havia ensaiado um movimento nesta direção, no início do seu primeiro mandato, mas foi prontamente demovido deste seu objetivo inovador, pelo establishment americano, e pelo seu próprio partido. Porque isto exigiria da Rússia a aceitação e legitimação do poder global americano, e envolveria, como contraparte, a aceitação norte-americana da existência de áreas compartilhadas e/ou exclusivas, sob influência ou controle russo.

Mas sobretudo porque esta despolarização da relação entre os dois países, deixaria vago o papel vem sendo cumprido pela Rússia neste último século e meio, como o “inimigo necessário” que funcionou como referência e como princípio organizador da estratégia militar da Inglaterra, na segunda metade do século XIX, e da estratégia global dos Estados Unidos, no Século XX. Um mesmo inimigo comum que cumpriu durante quase dois séculos, o papel de organizador e hierarquizador dos objetivos estratégicos e do planejamento militar das duas grandes potências anglosaxônicas, e, em menor grau, também, dentro da Europa, da França e da Alemanha. Por isso, hoje de novo, sem o “inimigo russo” o “império militar” americano perderia sua “bússola” e teria que sucatear uma parte importante de sua infraestrutura global que foi construída com o objetivo específico de conter, enfrentar e derrotar a Rússia, envolvendo um investimento em recursos materiais e humanos absolutamente gigantescos.

Deste ponto de vista, o ingresso da China é - sem dúvida - a grande novidade do sistema interestatal, nestas duas primeiras décadas do Século XXI, e representa de fato uma ameaça de médio prazo à supremacia econômica e militar dos Estados Unidos no Leste Asiático, e na Ásia Central. Mas ainda não é uma ameaça global, nem se transformou no foco da “grande estratégia” norte-americana, entre outras coisas, porque não dispõem da capacidade atômica russa de destruir o território americano. Deste ponto de vista, deve-se prever com toda certeza que enfrentamento dos EUA com a Rússia ainda seguirá sendo o grande guarda-chuva e a principal justificativa do uso cada vez mais frequente e generalizado, pela política externa norte-americana, das chamadas guerras de “quarta geração”, ou “híbridas”, na sua relação com as potências intermediárias, e com os países da periferia do sistema.

Apesar de que o próprio colapso da URSS, nos anos 80/90, possa ser considerado como o experimento pioneiro e bem sucedido das “guerras de quarta-geração”, este tipo de guerra só passou ser utilizado pelos EUA, como um instrumento regular e frequente de sua política externa, a partir das “revoluções coloridas” da Europa Central, e das “primaveras árabes” do Norte da África, generalizando-se a partir daí para quase todas as partes do mundo, inclusive para América do Sul. Uma sucessão de intervenções que transformou este tipo de guerra, na segunda década do século XXI, num fenômeno quase permanente, difuso, descontínuo, surpreendente, e global.

Trata-se de um tipo de guerra que não envolve necessariamente bombardeios, nem o uso explícito da força, porque seu objetivo principal é a destruição da vontade política do adversário, através do colapso físico e moral de seu estado, de sua sociedade, e de qualquer grupo humano que se queira destruir. Um tipo de guerra que usa a informação mais do que a força, o cerco e as sanções mais do que o ataque direto, a desmobilização mais do que as armas, a desmoralização mais do que a tortura. Pela sua própria natureza e seus instrumentos de “combate”, trata-se de uma “guerra ilimitada”, no seu escopo, no seu tempo de preparação e na sua duração. Uma espécie de guerra infinitamente elástica que dura até o colapso total do inimigo, ou então se transforma numa beligerância contínua e paralisante das forças que se dividiram e foram jogadas umas contra as outras, por fatores internos, mas com a contribuição decisiva da potência interventora.

Neste novo contexto, a própria defesa da democracia e dos direitos humanos – que marcou a última década do século passado – perdeu relevância, porque são intervenções que não tem limites éticos. Além disto, essa nova guerra não tem nenhum compromisso com a reconstrução do “adversário” como aconteceu, por exemplo, com a reconstrução do Japão e da Alemanha, e com o próprio Plano Marshall, destinado à reconstrução europeia, depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Não está mais garantido nem mesmo o acesso privilegiado ao mercado interno dos EUA, como ocorreu com a Coreia, o Japão e vários outros países destruídos e depois ajudados pelos EUA.

O que tem sido oferecido, na situação atual, é apenas o velho cardápio do rigor fiscal, da abertura econômica, e da privatização e desmontagem dos estados, proposto desde o início dos anos 90, pelo chamado “Consenso de Washington”. Por analogia, muitos analistas falam de uma nova Guerra Fria, ou de uma Terceira Guerra Mundial, quando se referem a este estado de guerra intermitente e contínuo do Século XXI. O importante, entretanto, é compreender que o fenômeno da guerra adquiriu um novo significado e uma nova duração dentro do sistema internacional, e dentro da estratégia de poder global dos Estados Unidos. Em grande medida graças à própria necessidade endógena de reprodução e expansão contínua do “império militar” americano que foi construído durante a segunda metade do Século XX, mas que se expandiu significativamente depois do fim da Guerra Fria.

Por fim, é muito importante que se entenda, sobretudo no caso dos vivem na “periferia norte-americana”, que acabou definitivamente o tempo da “hegemonia benevolente”, com seu compromisso irrestrito e universal com a democracia, e com sua proteção seletiva de alguns casos de desenvolvimentismo e de bem-estar social. Além disso, trata-se de um processo irreversível, cujo futuro, entretanto, permanece inteiramente imprevisível.

Fonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/item/21643-fiori-o-lugar-da-russia-e-da-guerra-na-nova-estrategia-global-dos-eua

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Distribuição e produtividade marginal

Distribuição de renda e produtividade marginal
dos fatores de produção

No dia 2 de novembro de 2011, 70 estudantes do curso de economia do professor Greg Mankiw, na Universidade Harvard, decidiram sair da sala de aulas como ato de protesto. Em uma carta aberta a seu professor, os estudantes criticaram o fato de ele não oferecer uma discussão adequada sobre os fundamentos da teoria econômica. Também afirmaram que o curso tampouco oferecia perspectivas críticas sobre a teoria econômica convencional nem opções alternativas através de outros enfoques teóricos. Nos tempos que correm, essas duas acusações são bastante sérias.

Os alunos anunciaram em sua carta de protesto que estavam fartos do caminho imposto no curso de Mankiw. Explicitamente afirmaram que a orientação do curso contribuía para perpetuar a desigualdade econômica que hoje marca a sociedade estadunidense. Essa é uma imputação grave, levando-se em conta que hoje, nos Estados Unidos, o coeficiente de Gini para medir a desigualdade (o indicador mais utilizado para medir níveis de concentração na distribuição do ingresso) é de 0.48 e constitui um dramático testemunho do fracasso da política econômica da economia capitalista mais desenvolvida do mundo. Esse indicador no México é de 0.49, o que diz muito sobre o péssimo desempenho da economia estadunidense.

Mas os bravos professores de economia filiados ao establishment não têm medo de nada. Hoje Mankiw está publicando em uma prestigiosa revista acadêmica um artigo com o provocador título “Em defesa do um por cento”. O texto começa afirmando que, nos últimos 40 anos, a renda média nos Estados Unidos cresceu, mas dito crescimento não foi uniforme: para o um por cento no alto da pirâmide social o aumento da renda foi muito maior que a média. Segundo Mankiw, isso se deve a que as pessoas no um por cento realizaram grandes contribuições à economia do país norte-americano.

O texto do professor recorre, em diferentes momentos, à ideia de que a remuneração que as pessoas recebem está em proporção direta à sua contribuição ao produto social. Os que recebem pouco em termos de compensação salarial, por exemplo, realizam uma exígua contribuição ao produto. Do contrário, os que percebem grandes rendimentoss o fazem porque realizaram grandes contribuições ao produto e ao bem-estar social.

Em seu artigo, Mankiw redescobre a teoria marginalista sobre a distribuição. O argumento-chave desta teoria é que a distribuição de renda numa economia (capitalista) está determinada pela produtividade marginal dos fatores da produção, capital e trabalho. Os fatores da produção percebem como remuneração o que corresponda a sua contribuição à produção social. Cada trabalhador recebe como remuneração sua contribuição marginal ao produto.

Entre 1965 e 1975 se desatou uma importante controvérsia entre os seguidores dessa teoria e um grupo de professores da Universidade de Cambridge, Inglaterra. Nessa disputa a teoria marginalista recebeu uma crítica decisiva. Os críticos, com Piero Sraffa, Joan Robinson e Pierangelo Garegnani à cabeça, demostraram que não havia maneira de medir o fator chamado capital de maneira independente da distribuição. Essa crítica demostrou que a teoria da produtividade dos fatores sofria de uma circularidade fundamental. Só é possível determinar a produtividade do capital conhecendo o preço dos bens de capital (porque isso é o que permite somar máquinas heterogêneas e edifícios de todo tipo), mas os preços não são independentes da distribuição de renda e, no caso do capital, o preço depende da taxa de lucro. Portanto, para conhecer a produtividade do capital é necessário conhecer a taxa de lucro, mas para isso é necessário conhecer: a produtividade do capital!

Os seguidores da teoria da produtividade marginal compraram a briga, mas seu caso estava perdido. No final, o sumo pontífice da seita neoclássica, Paul Samuelson, aceitou a derrota em um célebre artigo publicado em 1966. Esse reconhecimento devia ter sido suficiente para abandonar o enfoque marginalista. Mas a contribuição ideológica que realiza essa teoria é chave e os poderes estabelecidos resistem em perdê-la.

A conclusão do debate é clara: a distribuição da renda não é determinada por fatores técnicos na economia. A distribuição se define, como bem afirmou Sraffa há já 50 anos, por forças que estão fora do sistema econômico e depende de coisas como a força relativa das uniões de empresários e dos sindicatos dos trabalhadores. Não há nenhuma razão técnica pela qual os salários devem ser baixos ou mesmo miseráveis.

Tampouco há motivos técnico-econômicos para justificar a renda descomunal do um por cento da população que Mankiw quer defender, por mais que insista que suas contribuições à economia guardam proporção com esses ingressos.

Fonte: http://ecopoliticauff.blogspot.com.br

sábado, 14 de janeiro de 2017

DEMANDA AGREGADA

DEMANDA AGREGADA

No curto prazo o principal determinante do grau de utilização da capacidade produtiva é a demanda agregada, ou seja, o consumo, o investimento, os gastos do governamentais e as exportações. São as decisões a respeito desses elementos que determinam o nível de renda de um país e que explicam as oscilações do produto no curto prazo.

O CONSUMO
O consumo corresponde aos gastos com aquisição de bens que visam atender à satisfação de uma necessidade: alimentos, vestuário, eletrodomésticos etc.

O INVESTIMENTO
O investimento corresponde aos gastos que visam aumentar a capacidade produtiva; percebe-se que o investimento é um elemento da demanda agregada corrente que afeta o nível futuro do produto potencial, ao significar um acréscimo do estoque de capital na economia.

GASTO DO GOVERNO
Os gastos governamentais correspondem à aquisição de bens e serviços pelo governo.

AS EXPORTAÇÕES
As exportações correspondem à venda de bens e serviços para não residentes, e as importações, à aquisição de bens e serviços produzidos fora do país.

Fonte: GREMAUD, A. P. Economia Brasileira Contemporânea. 7º ed. São Paulo: Atlas, 2007.













Fronteira de Possibilidades de Produção - FPP

Fronteira de Possibilidades de Produção

A Fronteira de Possibilidades de Produção representa as quantidades máximas de produção que podem ser obtidas por uma economia dadas as tecnologias de produção existentes e as quantidades de factores de produção disponíveis nessa economia. A Fronteira de Possibilidades de Produção representa assim uma lista de combinações de escolha possível de bens numa determinada economia. A existência desta fronteira implica que quanto mais recursos utilizarmos na produção de determinado bem, menos recursos podem ser utilizados na produção de um outro.

A Fronteira de Possibilidades de Produção pode ser representada de uma forma simplificada num gráfico bidimensional em que em cada eixo é colocado um determinado bem. Neste gráfico, a Fronteira de Possibilidades de Produção é representada por uma curva que une os eixos representando as quantidades máximas que é possível produzir de cada bem tendo em conta a quantidade produzida do outro; quando se está sobre esta fronteira, diz-se que a economia está numa situação de eficiência produtiva. Os pontos no exterior dessa curva representam combinações de produção impraticáveis ou impossíveis de atingir. Ao invés, os pontos no interior da curva indicam que a economia não está a produzir eficientemente (o que pode acontecer, por exemplo, em períodos de desemprego elevado durante as flutuações cíclicas da economia).

Fonte: http://www.old.knoow.net/cienceconempr/economia/fronteirapossibprod.htm

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

ECONOMETRIA

Metodologia da Econometria

A natureza da Análise de Regressão

O termo regressão foi introduzido por Francis Galton. Ele verificou que, embora houvesse uma tendência de pais altos terem filhos altos e de pais baixos terem filhos baixos, a altura média dos filhos de pais de uma dada altura tendia a se deslocar ou “regredir” até a altura média da população como um todo. Em outras palavras, a altura dos filhos de pais extraordinariamente altos ou baixos tende a se mover para a altura média da população.

A interpretação moderna da regressão é diferente – ocupa-se do estudo da dependência de uma variável (chamada variável endógena, resposta ou dependente), em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis explicativas (ou exógenas), com o objetivo de estimar e/ou prever a média (da população) ou valor médio de dependente em termos dos valores conhecidos ou fixos (em amostragem repetida) das explicativas.

REGRESSÃO versus CAUSALIDADE
É importante ressaltar que embora a análise de regressão lide com a dependência de uma variável em relação a outras variáveis, ela não implica necessariamente em causa. Uma relação estatística, por mais forte e sugestiva que seja, jamais pode estabelecer uma relação causal. As idéias sobre causa devem vir de fora da estatística, enfim, de outra teoria.

REGRESSÃO versus CORRELAÇÃO
A análise de regressão conceitualmente é muito diferente da análise de correlação, cujo objetivo básico é medir a intensidade ou o grau de associação linear entre duas variáveis. Por exemplo, podemos estar interessados em achar a correlação entre o hábito de fumar e o câncer no pulmão. Ou ainda, a correlação entre as pontuações em exames de estatística e de matemática.
Na análise de regressão não estamos interessados em tal medição. Em vez disso, tentamos estimar ou prever o valor médio de uma variável com base nos valores fixados de outras variáveis. Assim, podemos querer saber se é possível prever a nota média em uma prova de estatística sabendo a nota de um estudante em uma prova de matemática. O coeficiente de correlação mede a intensidade da associação (linear)

A NATUREZA E AS FONTES DE DADOS PARA ANÁLISE ECONOMÉTRICA - O sucesso de qualquer análise econométrica depende basicamente da disponibilidade de dados apropriados.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O que é o PIB

 

O que é o PIB e como ele é calculado

O PIB é um indicador para medir a atividade econômica do país. Quando há queda de dois trimestres consecutivos no PIB, a economia está em recessão técnica. Os economistas costumam dizer que o PIB é um bom indicador de crescimento, mas não de desenvolvimento, que deveria incluir outros dados como distribuição de renda, investimento em educação, entre outros aspectos.

Como o PIB é calculado?

O PIB pode ser calculado de duas maneiras. Uma delas é pela soma das riquezas produzidas dentro do país, incluindo nesse cálculo empresas nacionais e estrangeiras localizadas em território nacional. Nesse cálculo entram os resultados da indústria (que respondem por 30% do total), serviços (65%) e agropecuária (5%). Entra no cálculo apenas o produto final vendido, por exemplo, um carro e não o aço e ferro da produção. Evita-se, assim, a contagem dupla de certas produções.


Outra maneira de medir o PIB é pela ótica da demanda, ou seja, de quem compra essas riquezas. Nesse caso, são considerados o consumo das famílias (60%), o consumo do governo (20%), os investimentos do governo e de empresas privadas (18%) e a soma das exportações e das importações (2%). Esses dois cálculos devem sempre chegar ao mesmo resultado.

Quem calcula o PIB?

No Brasil, o cálculo do PIB é feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), instituição federal subordinada ao Ministério do Planejamento, desde 1990. Antes disso, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) era responsável pela medição.


O que é a Formação Bruta de Capital Fixo divulgada junto com o PIB?

Pela ótica da demanda, A FBCF é justamente a conta de investimentos do PIB. A FBCF mede o quanto as empresas aumentaram os bens de capital - aqueles que que servem para produzir outros bens, como máquinas, equipamentos e construção civil.

Qual a diferença entre PIB nominal e PIB real?

O PIB nominal é calculado a preços correntes, ou seja, considera os valores do ano em que o produto for produzido e comercializado. Já o PIB real exclui os efeitos da inflação.


O que é o PIB per capita?

Este indicador é calculado a partir da divisão do PIB pelo número de habitantes da região. Ele indica quanto cada habitante produzido em determinado período.

Qual a diferença para o Produto Nacional Bruto?

No PNB entra toda a produção nacional, em território do Brasil ou não. Assim, empresas brasileiras que tenham fábricas no exterior também se somam a este indicador. Em geral, países desenvolvidos possuem PNB maior do que o PIB, mostrando assim que a soma da produção nacional é mais forte do que a soma da riqueza produzida em território nacional, que inclui as empresas estrangeiras localizadas ali.

Quem criou o conceito do PIB?

O primeiro cálculo de produção nacional foi publicado em 1953 nas Nações Unidas, baseado em um documento do economista Richard Stone. O título era 1ª Versão do Manual de Contas Nacionais. Stone foi eleito em 1984 o Prêmio Nobel de Economia.

(Fonte: Jornal O Estado de São Paulo, 
http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,entenda-o-que-e-o-pib-e-como-ele-e-
calculado,82627e)