quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O REENCONTRO

 
SERRA DE JOÃO DO VALE

O  professor Cleando Cortez esteve dia 27 de novembro/12 na Serra de João do Vale, comunidade de Chã das Cacimbas, no município de Triunfo Potiguar, ministrando uma oficina de xadrez na Escola Municipal Manoel Felinto Filho para 50 alunos do ensino fundamental II.

Lá reencontrou o agricultor familiar Titio

O primeiro contato com Titio ocorreu em julho/12 na
visita do curso de gestão ambiental do Projeto Caatinga Viva



No período de estiagem Titio sobe a serra,
onde passa a ser pequeno comerciante,
com seu gado (ao fundo)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

PIANCÓ-PIRANHAS-AÇU


RIO AÇU

Características Físicas
O rio Piranhas-Açu nasce na Serra de Piancó no estado da Paraíba e desemboca próximo à cidade de Macau no Rio Grande do Norte. Como a maioria absoluta dos rios do semi-árido nordestino, à exceção do rio São Francisco e do Parnaíba, é um rio intermitente em condições naturais. A perenidade de seu fluxo é assegurada por dois reservatórios de regularização construídos pelo DNOCS: O Coremas – Mãe d’Água, na Paraíba, com capacidade de 1,360 bilhões de m³ e vazão regularizada (Q 95%) de 9,5 m³/s e a barragem Armando Ribeiro Gonçalves (ARG), no Rio Grande do Norte, com 2,400 bilhões de m³ e vazão regularizada de 17,8m³/s (Q 90%) Ao longo do sistema hídrico formado pela calha do rio e seus reservatórios de regularização, denominado Sistema Curema-Açu, desenvolvem-se diversos usos como irrigação difusa, irrigação em perímetros públicos, abastecimento humano, dessedentação animal, lazer, produção energética e aqüicultura.

A bacia hidrográfica do rio Piranhas – Açu abrange um território de 42.900 km² distribuído entre os Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, onde vivem aproximadamente 1.552.000 mil habitantes. A bacia está totalmente inserida em  território semi-árido, com precipitações médias variando entre 400 e 800 mm anuais concentradas entre os meses de fev – mai. A concentração das chuvas em poucos meses do ano, conjugada a  geomorfologia da região, caracterizada por solos rasos formados sobre um substrato cristalino, com baixa capacidade de armazenamento, é responsável pelo caráter intermitente dos rios da região. Além disso, o padrão de precipitação tende a apresentar uma forte variabilidade inter anual, ocasionando a alternância entre anos de chuvas regulares e anos de acentuada escassez hídrica, levando à ocorrência de secas hídricas. Por outro lado as taxas de evapotranspiração são bastante elevadas, podendo chegar a mais de 2000 mm/ano, o que ocasiona um déficit hídrico significativo e se constitui em fator chave a ser considerado na operação dos reservatórios da região.

Fonte: http://www.cbhpiancopiranhasacu.org.br/site/a-bacia/

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PARA SILVIO


Estudo aumenta precisão ao simular clima
SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA (Publicado em 09/11/2012 - 04h57)

Pesquisadores americanos acabam de achar um meio de determinar quais modelos da mudança climática parecem ser os mais precisos. E a má notícia: os melhores são os que predizem modificações mais drásticas no clima para as próximas décadas.

O segredo do trabalho, conduzido por John Fasullo e Kevin Trenberth, do Centro Nacional Para Pesquisa Atmosférica em Boulder, Colorado, foi se concentrar naquilo que se podia ver -no caso, a umidade relativa em regiões subtropicais- para compreender o que é muito mais difícil de medir: a dinâmica das nuvens.

As nuvens são um dos elementos-chave na interpretação do fenômeno do aquecimento global. Isso porque elas têm um efeito duplo.

Por um lado, por serem claras, elas refletem a luz solar para o espaço, resultando em resfriamento. Por outro, o vapor d'água nelas é um poderoso gás do efeito estufa, podendo gerar aquecimento.

Os modelos de computador têm dificuldade em lidar com as nuvens e seu papel na evolução do clima.

INCERTEZA, EM TERMOS

Já é possível simular, ao menos em parte, o efeito delas, e existe um consenso mais ou menos claro de que a soma de tudo que elas fazem resulta em suave resfriamento. Entretanto, ainda há muita incerteza sobre o que isso significa para o futuro.

Tal incerteza é o grande mal a afetar a ciência do aquecimento global. Os detratores costumam apontá-la como a prova de que o medo da mudança climática é muito mais um movimento ideológico do que uma conclusão científica inescapável.

Ao que tudo indica, porém, a incerteza diz respeito ao nível de aquecimento para as próximas décadas, mas não ao fenômeno em si.

Alguns modelos sugerem que, nos próximos cem anos, veremos um aumento da temperatura média da ordem de 4,5 graus Celsius. Já os mais modestos preveem que tudo não passará de uma variação de 1,5 grau Celsius.

Foi aí que entrou em cena o lampejo de Fasullo e Trenberth. Como é difícil observar diretamente as propriedades das nuvens e compará-las com o que os modelos oferecem, eles decidiram estudar a umidade relativa do ar, sobretudo nas regiões subtropicais, em geral mais secas.

A vantagem é que dados de umidade relativa são obtidos com confiança a partir de satélites, de forma que é possível contrastar as previsões dos modelos para o presente com observações reais.

Também há forte correlação entre a umidade relativa e o processo de formação de nuvens, de forma que, a partir de um, é possível inferir o efeito de outro.

O chato é que os modelos que parecem estar mais corretos são justamente aqueles que preveem mudanças mais fortes, da ordem de 4,5º C.

A questão das nuvens, porém, não é a única fonte de incertezas. "Esse trabalho é só uma das peças do quebra-cabeças da sensibilidade climática", afirma Karen Shell, da Universidade Estadual do Oregon (EUA), que comentou a pesquisa na mesma edição da revista "Science" na qual os resultados saíram.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1182688-estudo-aumenta-precisao-ao-simular-clima.shtml

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL


Municípios
UF
População
em 1970
População
em 2010
Taxa de crescimento 1970
2010
%
RIO GRANDE DO NORTE
RN
1.550.244
3.168.027
104,35%




AÇU
RN
25.038
53.227
112,58%
ALTO DO RODRIGUES
RN
4.804
12.305
156,14%
CARNAUBAIS
RN
12.021
9.762
-18,80%
IPANGUAÇU
RN
12.210
13.856
13,48%
ITAJÁ
RN
-------
6.932
--------
JUCURUTU
RN
12.235
17.692
44,60%
PENDÊNCIAS
RN
8.659
13.432
55,12%
PORTO DO MANGUE
RN
-------
5.217
--------
SÃO RAFAEL
RN
8.686
8.111
-6,62%
MACAU
RN
25.800
28.954
12,22%
AFONSO BEZERRA
RN
8.977
10.844
20,80%



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A pobreza pode sucumbir

TERRAMÉRICA – A pobreza pode sucumbir
por Fabíola Ortiz*

As produções agrícolas de pequena escala, como esta do Brasil, também são motor de desenvolvimento no Mercosul. 

A agricultura caminha para ser uma atividade de primeira linha no Sul da América, graças à crescente demanda mundial por alimentos, segundo especialistas da região. Rio de Janeiro, Brasil, 29 de outubro de 2012 (Terramérica).- O desenvolvimento da agricultura, associado à aplicação de inovações tecnológicas, servirá para que a América Latina deixe de ser a região mais desigual do mundo, e beneficiará especialmente o Cone Sul, uma das maiores reservas alimentares da humanidade. “Olha-se para o Cone Sul com muito interesse como reserva alimentar, mas ainda não podemos saber com precisão até onde chega o potencial de nossa região” nesse sentido, disse ao Terramérica o secretário executivo do Programa Cooperativo para o Desenvolvimento Tecnológico, Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul (Procisur), Emilio Ruz.

Na última década, a população mundial aumentou em mais de um bilhão de pessoas, destacou Ruz. Com o crescimento demográfico, a demanda por alimentos também disparou, bem como a consequente necessidade de geração de energia. “Há um futuro muito estimulante para o Cone Sul americano, porque a agricultura será, pela primeira vez, uma atividade de primeira linha graças à crescente demanda por alimentos. Antes, era apenas a prima pobre da economia”, acrescentou.A atividade rural é capaz hoje de oferecer condições para melhorar a qualidade de vida dos que trabalham e habitam no campo, assegurou Ruz, que na qualidade de representante do Procisur participa da Segunda Conferência Mundial sobre Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento, que acontece entre 29 de outubro e 1º de novembro, na cidade uruguaia de Punta del Este. O encontro reúne especialistas, técnicos, autoridades e protagonistas do setor, e é organizado pelo Fórum Mundial sobre Pesquisa Agrícola, em colaboração com o Consórcio CGIAR.

Para Ruz, “ainda há uma parte que cabe aos setores políticos, que tomam as decisões, para que essas melhoras se concretizem”. Além disso, e devido aos grandes investimentos, o setor rural na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai é uma ferramenta para a redução da pobreza, ressaltou. Quanto à Europa, tem ocupadas suas áreas agrícolas, enquanto os países asiáticos também apresentam terras praticamente saturadas para o cultivo, além de estarem expostas a constantes desastres naturais.“Então, resta uma parte da África subsaariana com um potencial importante, e o Cone Sul da América, que ainda possui áreas para poder expandir sua agricultura ou iniciar um processo de intensificação do uso sustentável do solo. Isto é, conta com um espaço para melhorar a produtividade”, disse Ruz. Os países fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) ainda oferecem áreas com alto potencial para a produção de alimentos, afirmou.

As possibilidades de crescimento do setor agrícola no Cone Sul são muito grandes e aumentarão nas próximas três ou quatro décadas, prevê o pesquisador brasileiro Sérgio Salles Filho, do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele trabalha há 12 anos em associação com o Procisur e nos últimos tempos contribuiu com Ruz no estudo Possíveis Cenários para a Pesquisa, a Inovação e o Desenvolvimento nos Países do Cone Sul.

O estudo, que será apresentado no fórum de Punta del Este, buscou traçar o futuro e a tendência da agricultura nos países da região, conhecer o potencial das reservas de alimentos, a evolução das populações rurais e quais são as possíveis vias de desenvolvimento do setor. Países como os do Mercosul, Bolívia e Chile têm na agricultura uma atividade econômica fundamental ao abastecerem os mercados europeus e asiáticos, afirmou Salles Filho ao Terramérica.

A segurança alimentar e a produção agrícola mais sustentável devem passar pela incorporação de inovação tecnológica nas áreas rurais, observou o pesquisador. Atualmente, a região já se tornou um atrativo para esse tipo de investimento. As inovações tecnológicas ocorrem na medida em que avançam as condições econômicas e de mercado, explicou Ruz, e “é evidente que há um processo de inovação na agricultura”, acrescentou.

As áreas rurais atravessam uma transformação em busca de uma “agricultura de precisão” e mais inteligente, que seja capaz de empregar máquinas de última geração, manter um sistema de armazenamento e logística, além de aplicar insumos de acordo com a especificidade de cada terra e utilizar de forma mais eficiente os recursos ambientais. Para conseguir isto, “temos que fazer com que a tecnologia, o uso do solo, das máquinas e das telecomunicações, bem como a biotecnologia conversem entre si”, ressaltou Ruz. O secretário executivo do Procisur admitiu que ainda é um desafio compatibilizar a produção agrícola 

e a sustentabilidade, bem como aliar a preservação ambiental com a segurança alimentar. Porém, afirmou que esta compatibilidade “é real”, e enfatizou que “é perfeitamente possível intensificar, otimizar e fazer um uso muito eficiente dos recursos, com alto conhecimento ecológico e mantendo o equilíbrio sem causar uma deterioração muito grande do meio ambiente”.

Entretanto, para que seja viável, é preciso ter contextos institucionais. “Precisa haver uma regulação sobre como manejar estes temas controversos”, opinou Ruz. Também alertou que “os governos devem se preparar cientificamente, com o máximo de informação, e o uso da tecnologia deve ter um apoio técnico, regulatório, sem causar nenhum dano à saúde humana, ao meio ambiente ou à economia dos países”.

Por sua vez, Salles Filho, otimista, vislumbra “uma drástica redução da pobreza graças ao aumento da produção em grande escala, em paralelo ao dinamismo que adquirirá a pequena atividade agrícola profissionalizada e focada em nichos específicos, como a uva e o vinho no Chile, Uruguai e Argentina, e uma pecuária especializada nestes dois últimos países”. Envolverde/Terramérica
* A autora é correspondente da IPS.

Fonte: http://envolverde.com.br/terramerica/terramerica-a-pobreza-pode-sucumbir/

subsídios ao algodão


Brasil pressiona EUA para remover subsídios ao algodão até 2013
Pablo Uchoa
Da BBC Brasil em Washington

Americanos pediram prazo para negociar mudanças na política de incentivos no Congresso.

O Brasil está pressionando os Estados Unidos para que removam, até o fim do ano ou o mais tardar no início do ano que vem, os seus subsídios ao algodão presentes na lei agrícola, que está sendo discutida no Congresso americano.O embaixador brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, se reuniu em Washington com representantes dos departamentos de Agricultura e Comércio Exterior dos EUA e apresentou as partes que o Brasil considera mais problemáticas nos programas de ajuda aos produtores.

Em um evento na capital americana nesta quinta-feira, o embaixador não quis revelar exatamente os itens que foram discutidos e disse apenas que as conclusões foram tiradas de modelos econométricos executados pelo Brasil. Ele enfatizou que a conversa foi "qualitativa" e que o Brasil não está querendo fazer um "microgerenciamento” da lei agrícola americana. Mas disse que "neste momento, estamos prontos para discutir questões específicas, tão específicas quanto for necessário".

A formulação da nova lei agrícola americana é de soberania do Congresso, mas pesando sobre a cabeça dos legisladores está uma ameaça de retaliação por parte do Brasil, autorizada em 2009 pela OMC.
Em uma decisão rara, a OMC julgou que as retaliações no valor de US$ 829 milhões podem atingir produtos não só agrícolas, mas bens de outros setores e propriedade intelectual.
Mas a ação está suspensa desde 2010 por conta de um memorando de entendimento entre os dois países.
Pelo acordo, os EUA pagam US$ 147,3 milhões anuais ao Brasil – que reinveste parte do dinheiro em projetos de algodão na África – e as sanções ficam postergadas até que os americanos cheguem a uma fórmula para sua nova legislação agrícola.

Incertezas
Entretanto, o Congresso não consegue chegar a uma fórmula para a lei, que deveria ter começado a valer no fim de setembro. As duas principais propostas em tramitação, da Câmara e do Senado, ainda mantém distorções consideradas pelo Brasil “grandes demais”, inclusive maiores que no cenário atual.
Durante as suas gestões em Washington, Roberto Azevêdo brasileiro transmitiu aos colegas americanos que o Brasil não rejeita a estrutura do programa de ajuda americano – os empréstimos subsidiados ou os programas de seguro de colheita, por exemplo.

“O que me deixa perplexo é o grau de incerteza”, queixou-se o representante brasileiro. A nova lei, disse, “poderia acontecer em algumas semanas ou levar meses. E eu não quero dizer um ou dois, mas muitos”. “Negocio há muitos anos e nunca estive em negociações como estas, em que você não sabe com quem 
negociar”, desabafou.

Sanções
O memorando de entendimento entre Brasil e EUA não estabelece uma data para expirar. O acordo é válido “no curto prazo”, sendo este prazo algo que as duas partes preferiram não definir.Se nenhuma solução for alcançada até o início de 2013, o embaixador disse que “não tem instruções” sobre como agir.

A uma plateia de associações de empresários do setor e legisladores americanos nesta quinta-feira, o embaixador disse que o país não deseja aplicar sanções, mas pode acabar ficando sem opções. “Desde o primeiro dia, dissemos que não queremos aplicar retaliações. Não é a tradição brasileira, não é algo que o setor privado quer, não é algo que o governo quer. Ninguém quer”, afirmou. “Ninguém está pedindo isso, mas essa é a única solução, o que vamos fazer? É a única maneira de passar a mensagem de que nos preocupamos com o sistema (de solução de controvérsias da OMC) e com nossos setores que estão sendo prejudicados.”

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/10/121025_algodao_eua_brasil_pu.shtml

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Gestão de resíduos sólidos


Gestão de resíduos sólidos, um desafio para os novos prefeitos
Reinaldo Canto

Terminada a última etapa das eleições municipais, é chegada a hora de os novos prefeitos interromperem as comemorações e começar a agir para atender as expectativas de seus eleitores. Entre os inúmeros desafios que estarão à frente da administração das cerca de 5.600 cidades brasileiras está a gestão dos resíduos. Como veremos mais à frente são poucos os municípios que encaram esse problema com a urgência e relevância que o assunto faz por merecer.

Ninguém é capaz de negar a importância de termos uma gestão mais correta e eficiente dos resíduos como a estabelecida na proposta da Política Nacional de Resíduos Sólidos- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Também é muito difícil desconsiderar os enormes obstáculos para se conseguir a sua efetiva implementação.

Para começo de conversa com a nova Lei de Resíduos Sólidos, o lixo deixa de ser lixo para virar resíduo.  E, esse tal resíduo, deverá ter um destino muito mais nobre que o pobre lixo jogado por aí, sem qualquer serventia. Resíduo é material valioso para ser usado novamente na cadeia produtiva, pronto para ser reaproveitado, reutilizado, reciclado e não mais descartado.  Do plebeu lixo para o nobre resíduo. Do imprestável para se transformar em insumo essencial.

Sabe aquele catador de lixo, em sua maioria, subempregado e trabalhando em condições no mínimo pouco favoráveis? Pois esses profissionais irão receber o valor que merecem quando a lei estiver plenamente em vigor. Eles serão reconhecidos pelo serviço essencial que exercem para toda a sociedade e para a manutenção de um meio ambiente mais saudável.

A lei também determina, como uma de suas premissas mais importantes, a responsabilidade compartilhada, ou seja, será preciso a participação de todos para o alcance de seus objetivos. Setores público e privado, sociedade civil, cidadãos e como citado acima, dos catadores de material reciclável (notem que não mais os chamamos de catadores de lixo) necessariamente vão ter de fazer parte da mesma equação. Dependerá dessa união o sucesso ou o fracasso da lei.

Portanto, no bojo da Política de Resíduos Sólidos, estão propostas pequenas e virtuosas revoluções capazes de trazer enormes quebras de paradigma e grandes alterações no comportamento social.

Obviamente, se existem tantas novas situações por assim dizer, não se devem imaginar facilidades na sua efetiva implantação em qualquer área.

Despreparo nos municípios

Hora de falarmos novamente nas Prefeituras e de seus novos ocupantes ou daqueles reeleitos para um novo mandato.

A lei previa para o começo de agosto deste ano a entrega, por todos os municípios do país, de seus planos de gestão de resíduos.  Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), por volta de 560 municípios, ou 10% do total das cidades brasileiras, concluíram e entregaram esses planos. Os municípios que perderam o prazo não terão direito a receber recursos federais e renovar novos contratos com a esfera federal para o setor. Essa questão ficou, portanto, para as novas administrações.

A baixa adesão das cidades pode parecer simples descaso, mas conforme pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) com cerca de 400 municípios, o problema se deve muito à falta de pessoal qualificado para atender aos requisitos previstos na lei. Afinal, para quem achava que para cuidar do lixo bastava um terreno grande para o seu envio e descarte, a lei veio para colocar ordem e mudar um cenário cada vez mais criminoso e urgente.  O lançamento indiscriminado de materiais perigosos e contaminantes sem cuidado ou tratamento compromete o futuro e a saúde das pessoas, entre os seus principais e nefastos resultados.

O fim dos lixões até 2014 em todas as cidades brasileiras, será uma tarefa com enormes dificuldades em se tornar realidade, se a maioria das cidades permanecerem distantes dessa discussão. No lugar dos lixões, os resíduos só poderão ser enviados para aterros sanitários. Mas a realidade atual, segundo o Ministério do Meio Ambiente, é a de que ainda existem mais de 3 mil lixões no Brasil sendo que nada menos de que 60% dos municípios do país despejam lá seus resíduos.

A união faz a força

Em recente workshop realizado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), no Rio de Janeiro, diversos especialistas apontaram a necessidade de se unirem esforços entre o setor privado e os municípios para que a lei alcance os efeitos desejados. Capacitar gestores, realizar um trabalho integrado de educação e conscientização ambiental, garantir incentivos fiscais e justiça tributária para a cadeia de recicláveis são algumas das tarefas a serem trabalhadas em conjunto. Nesse último item, Mauricio Sellos, coordenador do Programa Jogue Limpo que realiza a logística reversa na cadeia de lubrificantes, apontou durante o workshop carioca, o apoio à indústria de reciclagem como urgente e fundamental. “São necessários incentivos fiscais para a cadeia, para quem faz a logística, para quem recicla e para quem consome o material reciclável, do contrário, poderemos ter um volume grande de material reciclado, mas não ter sua utilização” afirmou Mauricio.

Para as cidades médias e pequenas, os especialistas apontam a formação de consórcios como um bom caminho para a gestão dos resíduos.  Assim, as administrações municipais podem unir esforços para a montagem de seus planos, reduzem seus custos, aumentam a escala na coleta de resíduos e garantem melhores contratos com as empresas do setor, entre outros benefícios.

Camilla Passarela Bortoletto, da Abrelpe, apontou que um dos maiores gargalos na gestão de resíduos é o conhecimento técnico sobre o assunto. A ausência de cultura de separação é outro fator complicador na gestão de resíduos.

O Brasil produz 220 mil toneladas de lixo domiciliar, o que representa mais de um quilo por pessoa. Ao menos 90% de todo esse material poderia ser reaproveitado, reutilizado ou reciclado. Apenas 1% acaba sendo aproveitado para ter um destino mais nobre do que o de se degradar e contaminar o nosso ambiente. Mesmo assim, mais de um milhão de pessoas trabalham e sobrevivem da reciclagem desse lixo. Os especialistas calculam que o Brasil deixa de ganhar ao menos R$ 8 bilhões por ano ao não reciclar toda essa grande quantidade de resíduos gerados no país.

E o lixo continua a aumentar

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a quantidade de resíduos sólidos gerados no Brasil em 2011 totalizou 61,9 milhões de toneladas, 1,8% a mais do que no ano anterior. Do total coletado, 42% do lixo acabaram em local inadequado.

O crescimento na “produção” desses resíduos de 2010 para 2011 foi duas vezes maior do que o aumento da população, que ficou em torno de 0,9% no período.

O estudo revela também que, em 2011, foram coletados 55,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Sendo que 42% desses resíduos foram parar em locais inadequados como lixões e aterros controlados. E, ainda pior, cerca de 10% de tudo o que é gerado acaba tendo destino ainda pior em terrenos baldios, córregos, lagos e praças.

Uma política para chamar de nossa

A PNRS talvez seja uma das primeiras iniciativas que finalmente, enxerguem o mundo como ele é, ou seja, redondo e finito! Afinal como podemos viver e consumir imaginando que tudo, matérias-primas renováveis ou não, possam ser utilizadas sem qualquer controle ou parcimônia, e depois “jogadas fora”! Apesar de óbvios, foi preciso surgir situações críticas na capacidade de armazenar lixo; casos gritantes de contaminação de solo e água e a ocorrência de sérios problemas de saúde pública.  Isso tudo acompanhado de estudos apontando a redução substancial e mesmo o esgotamento de reservas de matérias-primas estratégicas, para concluirmos que esse estado de coisas não poderia continuar do jeito que estava.

As cidades, as pessoas e o futuro comum  

Toda a sociedade, mas às administrações públicas particularmente, caberá também a tarefa de levar as informações sobre a lei de resíduos para todos os seus cidadãos.

Hoje, se os setores público e privado avançam vagarosamente no conhecimento e na aplicação da lei, o mais grave em todo esse processo está no desconhecimento dos brasileiros quanto à discussão dessa nova e revolucionária política. Sem a participação do consumidor essa equação não fecha! O cidadão é parte integrante e determinante para a viabilização de todo o projeto.

É, portanto, fundamental que as novas prefeituras façam todos os esforços a seu alcance para levar às pessoas, informações sobre os objetivos da nova política e os deveres e direitos nela embutidos.

O poder público pode e deve contribuir, por meio da autoridade que lhe foi investida pela população, para promover parcerias com todos os setores da sociedade na implantação de projetos de educação ambiental em escolas e empresas, acompanhadas de campanhas de esclarecimento, com o apoio e o engajamento vital da mídia local. Tais ações vão contribuir substancialmente para reduzir o abismo informativo entre a lei e a população brasileira.

Fonte: Revista Carta Capital, http://www.cartacapital.com.br/sociedade/gestao-de-residuos-solidos-um-desafio-para-os-novos-prefeitos/