ALDEMIR FREIRE
Postado em 13 de junho de 2012 no blog "Economia do RN"
O Impacto da Seca no PIB do RN em 2012 - Desfazendo Mitos
Nos últimos tempos eu ando tentando fugir de polêmicas no meu blog. Mas
dessa vez eu confesso que não consegui pois o assunto passou a me
incomodar muito. Já disse várias vezes no twitter (@aldemnirrn) o que
agora vou dizer aqui: as estimativas de impacto da seca no PIB do RN em
2012 são infinitamente menores do que aquelas anunciadas pelo governo do
estado.
A gota d´água da minha paciência foi a matéria publicada ontem em um
grande jornal de circulação nacional, o Valor Econômico (o principal
jornal de economia do país), onde o secretário de agricultura do RN diz
que as perdas esse ano com os efeitos da seca serão da ordem de R$ 5,5
BILHÕES.
Não sei como ele chegou a esse número, mas o jornal afirma que "No
Rio Grande do Norte, que tem 139 municípios em situação de emergência, a
projeção é de um rombo de cerca de R$ 5,5 bilhões no PIB do Estado em
2012, informa o secretário estadual de Agricultura, Betinho Rosado. "A
produção in natura, que foi seriamente prejudicada, representa 6% do
nosso PIB, que é de R$ 25 bilhões. Agora, se considerado o
beneficiamento desses produtos, como no caso do queijo, do iogurte e do
álcool, a fatia passa para 35%", explicou."
Vamos agora explicar porque não há a menor possibilidade das perdas com a seca alcançarem essa cifra de R$ 5,5 bilhões.
Em primeiro lugar vamos tentar estimar o PIB do RN em 2012 considerando que o mesmo fosse um ano normal. Vamos estimar também o PIB da agropecuária do estado esse ano e o PIB da nossa indústria de transformação.
Para essa estimativa eu utilizei os seguintes parâmetros: 1) o PIB do Brasil este ano ficará em torno de R$ 4,2 trilhões à preço de mercado; 2) seguindo a média dos últimos anos o PIB do RN será equivalente a 0,9% do PIB brasileiro; 3) seguindo a média dos últimos anos o peso da agricultura no PIB do RN será de 5,4%; 4) seguindo a média dos últimos anos o peso da indústria de transformação no PIB do RN será de 7,32%. (Tudo a preços de mercado).
O resultado do uso desses parâmetros está mostrado na tabela abaixo.
Vamos agora explicar porque não há a menor possibilidade das perdas com a seca alcançarem essa cifra de R$ 5,5 bilhões.
Em primeiro lugar vamos tentar estimar o PIB do RN em 2012 considerando que o mesmo fosse um ano normal. Vamos estimar também o PIB da agropecuária do estado esse ano e o PIB da nossa indústria de transformação.
Para essa estimativa eu utilizei os seguintes parâmetros: 1) o PIB do Brasil este ano ficará em torno de R$ 4,2 trilhões à preço de mercado; 2) seguindo a média dos últimos anos o PIB do RN será equivalente a 0,9% do PIB brasileiro; 3) seguindo a média dos últimos anos o peso da agricultura no PIB do RN será de 5,4%; 4) seguindo a média dos últimos anos o peso da indústria de transformação no PIB do RN será de 7,32%. (Tudo a preços de mercado).
O resultado do uso desses parâmetros está mostrado na tabela abaixo.
Por essa tabela podemos ver claramente porque as perdas não podem chegar a R$ 5,5 bilhões. Se a seca tivesse produzido uma perda completa de TODA produção agrícola do estado e de TODA produção da nossa indústria de transformação, o volume total perdido seria de aproximadamente R$ 4,8 bilhões.
Ora, mas o mais importante é que a seca NÃO afetou 100% da nossa produção agrícola e nem 100% da nossa produção industrial. Pensem em atividades como indústria têxtil e de confecções, ceramistas, cimento, cerveja, refrigerantes, calçados, padarias, torrefação e moagem de café, farinha de trigo, produto químicos... nada disso é afetado pela seca.
Pensem também na produção de melão, melancia, banana, manga, mamão e parte da produção de abacaxi. Essas são culturas irrigadas e não sofrerão efeitos da seca. A cana também não será fortemente afetada (a produção poderá até cair, mas não será significativa, pois a região leste do estado não está tendo uma seca tão acentuada quanto o interior). Acompanhando a cana a indústria de açúcar e álcool também não será arrasada a zero de produção.
Quem será fortemente afetada pela seca são as culturas de sequeiro: arroz, feijão, milho, algodão, castanha de caju e mandioca (para essa duas últimas culturas ainda não há estimativa do tamanho da perda). A produção de leite também será afetada e com ela a indústria de laticínios.
O nó da questão é que essas atividades tem pouco peso no PIB do estado. Ou alguém imagina que aquelas queijeiras informais tem um peso relevante na produção da riqueza estadual?
Abaixo eu apresento uma primeira aproximação do tamanho da perda. Estou levando em consideração apenas a produção agrícola afetada pela seca e a produção de leite (as perdas com castanha e mandiocas são um chute meu, não há nada que indique que será assim, utilizei como parâmetros as perdas de 2010).
Pois bem, o valor a que cheguei foi algo próximo da R$ 250 milhões de perdas diretas. Agora vamos pegar os efeitos indiretos e, exagerando muito, multiplicar o número que encontrei por 4. Teremos com isso, no máximo, uma perda de R$ 1 bilhão. Porém, nem mesmo esse número eu ache que esteja correto. Acho que não passará dos R$ 750 milhões. Algo como 2% do PIB estadual.
Não estou querendo com isso diminuir a tragédia social que é o fenômeno da seca. Mas do ponto de vista econômico e de impacto dela no PIB estadual sua importância é muito restrita. Não acho correto uma estimativa baseada em chutes sem um mínimo de embasamento na realidade.
(Fonte: blog do Aldemir Freire; http://economia-do-rn.blogspot.com.br/2012/06/o-impacto-da-seca-no-pib-do-rn-em-2012.html)
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